João Pessoa, 30 de maio de 2022 | --ºC / --ºC Dólar - Euro
A frase “Quando o diabo não vem, manda seus filhos” faz mais sentido entre nós do que nunca. Não falo aqui da personificação do diabo, de uma entidade, pois ela não existe, me refiro ao que vem acontecendo no país. Sem mais enrolações, vamos aos assuntos de hoje, leitora, leitor.
Vimos, nos últimos dias, um homem ser morto por agentes da Polícia Rodoviária Federal (foto). A vítima foi abordada, imobilizada e colocada no interior do compartimento da viatura. Em seguida, os policiais lançaram um gás sobre ela e trancaram o porta-malas, segundo vídeos que circularam nas redes sociais. O caso chocou a Imprensa internacional (não é para menos, hein?).
Sabemos – e não é de hoje – que nossa polícia é uma das mais letais do mundo. Isso não se trata de um “achismo” ou coisa assim, mas de uma constatação que se vê nos órgãos de seguranças pública, por exemplo.
Mais de 6 mil pessoas foram mortas por policiais civis e militares no Brasil em 2021. Isso quer dizer que, em média, 17 mortes são causadas por dia pela polícia. Ao mesmo tempo, o número de policiais assassinados também caiu 17%. Foram 183 casos registrados em 2021, contra 221 em 2020. Estes dados fazem parte de um levantamento exclusivo feito pelo G1 (site de notícias) dentro do Monitor da Violência, uma parceria com o Núcleo de Estudos da Violência da USP e o Fórum Brasileiro de Segurança Pública.
Voltando ao assunto anterior… Uma truculência inestimável. O mais grave foi notarmos a ausência (até agora) de uma investigação acerca da morte do homem pelas mãos dos policiais. Há, de maneira sistemática, um estímulo de cima, de quem comanda o país.
“Vou me inteirar com a PRF. O que eu vi há pouco, há duas semanas, aqueles dois policiais executados por um marginal que estava andando lá no Ceará. Foram negociar com ele, o cara tomou a arma dele e matou os dois. Talvez isso, nesse caso, não tomei conhecimento, o que tinha na cabeça dele”, foram as palavras proferidas por Bolsonaro diante do ocorrido.
Os casos citados pelo presidente não têm ligação. Se Bolsonaro fosse alguém com faculdades mentais em dia, um sujeito preocupado com questões sociais, teria dado uma reposta mais justa e devida, mostrando empatia e consternação. Isso, no entanto, não faz seu perfil.
Mais recentemente, conforme está sendo exposto, o vizinho estado de Pernambuco chora pelas tragédias em virtude das chuvas. Até esta segunda-feira, já são 91 mortos e centenas de desaparecidos. A catástrofe dessa vez pisou na região pernambucana, embora situações dessa natureza veem sendo noticiadas frequentemente em várias partes do país.
O governo federal prometeu ajuda, enviando recursos para a região. Fez o que é obrigação fazer. Já Bolsonaro só visitou Pernambuco nesta segunda-feira. É que antes uma agenda muito importante, de caráter emergencial, precisava ser cumprida: a Marcha para Jesus. Um evento no qual necessitava da presença do presidente… Tem cabimento? Claro que tem… para Bolsonaro. Prestigiar evento religioso, falar como o “Messias” contemporâneo e fazer eleição antes do prazo… é mais importante do que se preocupar com agendas de verdade.
O mais chocante é ver que nosso povo aceitou (e vem aceitando) tudo isso calado, passivamente. O país sofre, e Bolsonaro se preocupa apenas com uma coisa: Marcha para Jesus.
Não se pode viver de braços cruzados, esperando outubro chegar para, enfim, mudar o cenário do caos. Manifestar, bradar, agir, seria a solução. Mas não. Engolimos seco e acreditando piamente que tudo vai se resolver por conta própria. Pobre Brasil!
A semana começou… e há muita gente rangendo dentes
Muita gente começa a semana bufando por causa da segunda-feira. A maioria não gosta do trabalho, daí sai do final de semana direto aos azedumes de suas inquietações. Pergunte a alguém desempregado se ele queria está trabalhando ou em casa parado em plena segunda-feira. Não precisa pensarmos na resposta, não é verdade? O povo se queixa demais… depois culpam o “destino”. Ai, ai…
Ganhando a vida… com a cara
Uma matéria do portal “O Povo” me correu às retinas. O título dizia que “Brasil tem 500 mil influenciadores digitais, empatando com número de médicos”. No caso dos profissionais da saúde há como contabilizar, já os influenciadores… não sei de onde tiraram esse número. O que importa é que tanto um quanto outro (com raríssimas exceções) ganha com a cara. Tem médico que não lhe atende bem, mal olha no olho do paciente. O mesmo vale para esses influenciadores. Mas afinal, o que influenciam? Ora, bobagens e tolices de toda sorte. Pelo visto… estamos pedidos. E perdi meu tempo falando nisso.
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TURISMO - 19/12/2024