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PAZ

Em gesto histórico, rainha Elizabeth II aperta mão de ex-terrorista do IRA

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publicado em 27/06/2012 ás 09h53

LONDRES – Em encontro histórico, a rainha britânica Elizabeth II apertou a mão do ex-terrorista do grupo separatista armado IRA e vice-premier norte-irlandês, Martin McGuinness, nesta quarta-feira, em Belfast. Para muitos, o breve cumprimento – feito primeiro a portas fechadas, e depois em público – enterra para sempre a política do “nunca, nunca, nunca” que por anos imperou na Irlanda do Norte.

O encontro aconteceu pouco antes das 11h (horário local) no Teatro Lírico de Belfast. McGuinness, que também é o líder do Sinn Féin – considerado o braço político do IRA, e a rainha estavam acompanhados do presidente irlandês, Michael D. Higgins, e do premier norte-irlandês, Peter Robinson. Princípe Philip também esteve na reunião e repetiu o gesto da mulher, mesmo tendo perdido um tio assassinado pelo IRA, em 1979.

O aperto de mãos é um símbolo do avanço da paz e da determinação de ambas partes em superar as desavenças e os choques que deixaram milhares de mortos no passado. Não deve ter sido uma decisão fácil nem para McGuinness nem para a rainha. Há 15 anos, o gesto seria algo impensável.

– Tenho plena consciência do que representou para uma comunidade profundamente ferida pela violência do Estado britânico durante tantos anos – disse o vice-premier norte-irlandês, que ao se despedir da rainha teria dito, em irlandês, “fique com Deus”. – Para mim, é uma oportunidade de oferecer a mão da paz e da reconciliação.

Indagado sobre os efeitos do encontro, o premier britânico, David Cameron, disse que o aperto de mãos elevou as relações entre Irlanda do Norte e Reino Unido a um “novo nível”. O gesto, no entanto, não agradou a todos. A parte linha-dura dos republicanos irlandeses interpretou o cumprimento como uma traição. Perto da casa de McGuinness cartazes de “Como se atreve” e “Judas” foram pendurados.

– A imensa maioria das pessoas nas duas comunidades sabe que o futuro significa trabalhar juntos, nos entendermos, mas sem esquecer o passado, sem deixar que o passado domine o futuro – disse Michael Gallagher, cujo irmão foi morto pelo IRA e cuja filha morreu em um atentado de dissidentes em Omagh.

O Globo