João Pessoa, 05 de junho de 2022 | --ºC / --ºC Dólar - Euro
Fazer o bem devia ser uma prática corriqueira porque atinge o ápice do que é ser verdadeiro humano. Ação que nos diferencia dos seres irracionais. Por que fazer o bem? ou o mal? Verifica-se que são ações exercidas que vão atingir as pessoas no seu âmago, em seu ego e que vão dar uma dimensão estrutural ao seu ser como homem ou cidadão. Vou preferir falar sobre o bem porque o mal, já diz respeito ao contrário.
Creio que fazer o bem é um ato mais fácil porque vai de encontro ao sentimento de empatia. Penso que para exercer o bem há uma forma de se colocar no lugar do outro. Compreender e ser compreendido. Significa ajudar alguém de forma espontânea sem esperar algo de retorno ou em troca. É uma forma de demonstrar amor ao próximo. Isto nos causa felicidade uma vez que vemos projetada a nossa felicidade na felicidade do outro.
O americano Allan Luks (2020) escreveu o livro “O poder curativo de fazer o bem: os benefícios da saúde e do espirito de ajudar aos outros”. Estudos comprovam que fazer o bem faz bem. A cientista psiquiátrica Tatiana Mourão, do Departamento de Saúde Mental da Faculdade de Medicina da UFMG, afirma que “pessoas altruístas são aquelas cujas ações beneficiam outros, sem esperar nada em troca, elas costumam ser mais felizes que outras. O retorno emocional é garantido.” Atitude de quem, contrariando sua natureza egoísta, pensa além de si mesmo. Estudiosos comprovam que: “fazer o bem faz a pessoa se sentir bem espiritualmente e ainda contribui para melhorar a sua saúde física, mental e emocional”. São afirmações das análises sobre os que exercem trabalhos voluntários.
Há profissões que têm por essência fazer o bem sem olhar a quem, principalmente na área das ciências humanas. Quero referir-me em particular ao profissional Assistente Social, que já no nome encontra impregnada a ação do que se deve fazer ao outro. Disse isso preliminarmente para citar a Assistente Social Cléa Ataíde Moura Martins. Acompanho de perto sua atuação junto às pessoas do grupo a que pertenço. Sempre é a primeira a dirigir uma palavra de conforto, força, de incentivo, animando, qualquer uma de nós que demonstre algum sentimento de tristeza, de perda, de problema, doença ou fato constrangedor.
Notável, prescreve alimentos, ervas, comportamentos terapêuticos, dá exemplos do que acontece com ela para nos levar ao otimismo e com isso procura reverter ou amenizar a situação. Aliás, no grupo, muitas das amigas comportam-se da mesma maneira. É muito interessante a solidariedade e o espírito de querer ajudar e dizer ao outro que também está sentindo a sua dor. Eu nunca tinha experimentado este sentimento de um grupo. Todas têm um pouco de médica, psicóloga, nutróloga, fisioterapeuta e por aí vai… Eu ri tanto com a espontaneidade de Lucinha aconselhando Cléinha, que se queixava de estar emagrecendo por conta da diverticulite, a maneira de ganhar peso. Fala: “Cléinha meu amor, você nunca foi gorda, sempre teve um corpinho maravilhoso, que toda roupa dava em você. Lembra? Nunca lhe conheci diferente sem ser com esse corpo. Será que não está inventando esse negócio de emagrecer? Tire isso da cabeça, e você vai engordar pelo amor de DEUS. Viu… Estou rezando e Nossa Senhora está lhe protegendo. Sei demais, pois a vi uma menina nota mil. Nossa Senhora não vai deixar você emagrecer mais não. Seu corpo está ótimo eu tenho certeza”. Lucinha continua:” Você se cuide. Você manda tanto a gente se cuidar. Não vá se relaxar e deixar de fazer as coisas, não. Estou preocupada. Não deixe de comer, não. Abra a boca e coma, meta o comer para dentro. Estou rezando, mas preocupada com você”.
A postura de Cléa com as demais colegas sempre é a de ser solidária, procurar uma solução, usar sempre o bom senso, a prudência. Todas demonstram que querem o bem da outra. Aconselham, mostram e exemplificam, dizem que não é bem assim…. e que as coisas vão melhorar e prosseguem… Leticia, dá receitas de inalações para tratar sinusite e indica os procedimentos a adotar. “É tiro e queda”. Olívia, banca a psicóloga, indica comportamentos otimistas para diversas ocasiões e exemplifica com sua vida e vai adiante… Sem esquecer também, outras como Germana que a cada hora surpreende com uma prescrição usando sua experiência.
A última de Cléinha, como a chamamos na intimidade, foi de uma vendedora que a atendeu em uma das suas compras nessa fase pós pandemia, pois tudo era feito por delivery. Com a abertura do comércio ela foi pessoalmente a loja, como cliente antiga pois lá havia amigas que lhe atendiam. Diz: “Ao adentrar foi aquela festa, alegria, carinho e afago com a minha presença. Depois de tanto tempo senti que sou querida e não fui esquecida. Graça, adiantou-se, oh! Dra. Clea que deseja? Graça eu vim comprar uma roupa porque eu emagreci e a minha esta folgada. Naquela empolgação terminei comprando outras peças, mesmo sem ter necessidade, incentivada pelo bom tratamento. Disse: deixe eu ir embora, se não compro a loja toda e assim se foi”.
Ao chegar em casa, Cléinha enviou um áudio elogiando e agradecendo a lhaneza na prestação do serviço por ocasião das compras, citando o carinho, e o afago demonstrados pela atenção da vendedora em sua forma de tratar o cliente, o que a faz gostar dela. Graça respondeu com um áudio que a deixou feliz: “Dona Cléa, a senhora não sabe como me fez o bem”. A proprietária do estabelecimento andava contrariada porque dizia que as clientes reclamavam que não os atendíamos bem.
Estava na iminência de ser despedida. Diz: “eu pedia todo o dia a Deus que alguém me mandasse uma mensagem falando ao contrário para desmanchar esse mal entendido. Foi quando surgiu a senhora como um anjo enviando o áudio. Mandei para Dona Moema que colocou no grupo das outras lojas. No fim, recebi elogios, promoção e ainda um presente de um bolo de macaxeira, que adoro”. Este fato é somente um diante de tantos outros que fazem parte de sua história como pessoa e profissional exemplar da Assistente Social.
A figura humana de Cléinha se destaca, no grupo, embora todas amigas demonstrem o mesmo, de forma virtual, ao incentivar, encorajar e levantar o astral das companheiras, já transparentes em várias ocasiões. Quando alguém surge com problema emocional, doença sua ou na família, ou qualquer outro fato, há sentimento de preocupação, de amizade e carinho. Muitas delas, em suas vidas, seguem o exemplo de Cléinha, praticam também esses gestos como voluntárias. Fazer o bem sem olhar a quem. Este é o perfil do Grupo Lourdinas 1963.
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OPINIÃO - 22/11/2024