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CRISE

México convoca embaixador no Paraguai para consultas

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publicado em 25/06/2012 ás 09h00

O governo do México convocou seu embaixador no Paraguai para consultas, após a destituição do presidente paraguaio Fernando Lugo.

"O embaixador do México na República do Paraguai, embaixador Fernando Estrada Sámano, foi instruído a viajar a esta cidade com o propósito de realizar consultas", afirma um comunicado do ministério das Relações Exteriores.

A intenção da ordem é "contar com informação de primeira mão sobre a situação no Paraguai, em consequência do julgamento político que levou à destituição do senhor Fernando Lugo como presidente", completa a nota.

Na sexta-feira (22), a chancelaria mexicana emitiu um comunicado no qual criticava o processo de impeachment de Lugo. O vice-presidente Federico Franco assumiu a presidência ainda na sexta-feira.

O novo presidente do Paraguai, Federico Franco, que assumiu o poder na sexta após o controverso processo de impeachment de Fernando Lugo, terá uma semana decisiva para convencer os países vizinhos e evitar o isolamento do país na região. Nove dos países sul-americanos, incluindo o Brasil, rejeitaram o julgamento político do ex-presidente, destituído em menos de 36 horas, e não reconhecem Franco como presidente (veja quadro).

Brasil

O Ministério de Relações Exteriores anunciou sábado que convocou o embaixador do Brasil no Paraguai para consultas e considerou como "rito sumário" a destituição de Lugo. A presidente Dilma Rousseff fez uma reunião ministerial de emergência para discutir a crise.

Mais cedo, o ministro de Relações Exteriores, Antonio Patriota, afirmou que o Brasil deve seguir a posição da Unasul (União de Nações Sul-Americanas) no caso e não descartou sanções. A cúpula presidencial da Unasul, que analisará a crise no Paraguai após a destituição do presidente Fernando Lugo, será realizada na quarta-feira (27) em Lima, no Peru.

A Colômbia também anunciou que chamará o seu embaixador no Paraguai para consultas.

Petróleo e paralisações
Internamente, o novo presidente também pode enfrentar sanções econômicas, como o corte no fornecimento de petróleo venezuelano anunciado pelo presidente Hugo Chávez no domingo.

O presidente da Petropar, a estatal de petróleo paraguaia, Sergio Escobar, disse ao diário “ABC Color” que o país tem reservas de petróleo que garantem o abastecimento do país por ao menos dois meses, além de contratos com outras empresas, como a Petrobras.

Já a Frente pela Defesa da Democracia, que reúne partidos de esquerda, centro-esquerda e movimentos sociais do Paraguai, promete uma série de atos e paralisações pelo país pela renúncia do novo presidente e o retorno de Lugo.

Crise no Paraguai
Federico Franco assumiu o governo do Paraguai na sexta-feira (22), após o impeachment de Fernando Lugo. O processo contra Lugo foi iniciado por conta do conflito agrário que terminou com 17 mortos no interior do país. A oposição acusou Lugo de ter agido mal no caso e de estar governando de maneira "imprópria, negligente e irresponsável".

Ele também foi acusado por outros incidentes ocorridos durante o seu governo, como ter apoiado um motim de jovens socialistas em um complexo das Forças Armadas e não ter atuado de forma decisiva no combate ao pequeno grupo armado Exército do Povo Paraguaio, responsável por assassinatos e sequestros durante a última década, a maior partes deles antes mesmo de Lugo tomar posse.

O processo de impeachment aconteceu rapidamente, depois que o Partido Liberal Radical Autêntico, do então vice-presidente Franco, retirou seu apoio à coalizão do presidente socialista. A votação, na Câmara, aconteceu no dia 21 de junho, resultando na aprovação por 76 votos a 1 – até mesmo parlamentares que integravam partidos da coalizão do governo votaram contra Lugo. No mesmo dia, à tarde, o Senado definiu as regras do processo.

Na sexta, o Senado do Paraguai afastou Fernando Lugo da presidência. O placar pela condenação e pelo impeachment do socialista foi de 39 senadores contra 4, com 2 abstenções. Federico Franco assumiu a presidência pouco mais de uma hora e meia depois do impeachment de Lugo.

Em discurso após o impeachment, Lugo afirmou que aceitava a decisão do Senado. Mas, neste domingo, Lugo voltou atrás, disse que não reconhece o governo de Federico Franco e que não deve, portanto, aceitar o pedido do novo presidente para ajudá-lo na tarefa de explicar a mudança de governo a países vizinhos.

G1