João Pessoa, 25 de junho de 2012 | --ºC / --ºC Dólar - Euro
O presidente destituído do Paraguai, Fernando Lugo, se reúne com ex-ministros, colaboradores e a Frente Guasú, coalizão de partidos de esquerda, na manhã desta segunda-feira (25) na sede do Partido País Solidário, em Assunção, para definir os próximos passos da oposição.
Lugo chegou às 6h (horário local) e não quis falar com a imprensa. Colaboradores do ex-presidente, como o ex-secretário de gabinete, López Perito, disseram que a intenção é que "os que usurparam o poder o restituam aos devidos ocupantes". López, no entanto, negou que a esquerda esteja se organizando para tentar retomar a Presidência.
O Paraguai foi suspenso temporariamente do Mercosul e da Unasul (União das Nações Sul-Americanas) até que a "ordem democrática seja restabelecida". O Paraguai também teve suspensa sua participação na cúpula do Mercosul, que ocorre na sexta-feira (29), em Mendonza, na Argentina. A decisão foi tomada em conjunto por Argentina, Brasil, Uruguai, Venezuela, Bolívia, Chile, Colômbia, Equador e Peru.
A decisão ocorre apenas um dia após Franco, em sua primeira entrevista à imprensa internacional, no sábado (23), ter confirmado a presença do país na reunião do grupo.
Por sua vez, o ex-presidente Lugo, que inicialmente aceitou a votação no Congresso, disse no domingo que o novo governo é ilegítimo e garantiu que ele é que irá à cúpula do Mercosul. Lugo também rejeitou o aceno do seu ex-vice-presidente, que pediu ajuda para gerenciar a crise com os vizinhos.
Petróleo e paralisações
Internamente, o novo presidente pode enfrentar sanções econômicas, como o corte no fornecimento de petróleo venezuelano anunciado pelo presidente Hugo Chávez no O presidente da Petropar, a estatal de petróleo paraguaia, Sergio Escobar, disse ao diário “ABC Color” que o país tem reservas de petróleo que garantem o abastecimento do país por ao menos dois meses, além de contratos com outras empresas, como a Petrobras.
Já a Frente pela Defesa da Democracia, que reúne partidos de esquerda, centro-esquerda e movimentos sociais do Paraguai, promete uma série de atos e paralisações pelo país pela renúncia do novo presidente e o retorno de Lugo.
Crise no Paraguai
Federico Franco assumiu o governo do Paraguai na sexta-feira (22), após o impeachment de Fernando Lugo. O processo contra Lugo foi iniciado por conta do conflito agrário que terminou com 17 mortos no interior do país. A oposição acusou Lugo de ter agido mal no caso e de estar governando de maneira "imprópria, negligente e irresponsável".
Ele também foi acusado por outros incidentes ocorridos durante o seu governo, como ter apoiado um motim de jovens socialistas em um complexo das Forças Armadas e não ter atuado de forma decisiva no combate ao pequeno grupo armado Exército do Povo Paraguaio, responsável por assassinatos e sequestros durante a última década, a maior partes deles antes mesmo de Lugo tomar posse.
O processo de impeachment aconteceu rapidamente, depois que o Partido Liberal Radical Autêntico, do então vice-presidente Franco, retirou seu apoio à coalizão do presidente socialista. A votação, na Câmara, aconteceu no dia 21 de junho, resultando na aprovação por 76 votos a 1 – até mesmo parlamentares que integravam partidos da coalizão do governo votaram contra Lugo. No mesmo dia, à tarde, o Senado definiu as regras do processo.
Na sexta, o Senado do Paraguai afastou Fernando Lugo da presidência. O placar pela condenação e pelo impeachment do socialista foi de 39 senadores contra 4, com 2 abstenções. Federico Franco assumiu a presidência pouco mais de uma hora e meia depois do impeachment de Lugo.
Em discurso após o impeachment, Lugo afirmou que aceitava a decisão do Senado. Mas, neste domingo, Lugo voltou atrás, disse que não reconhece o governo de Federico Franco e que não deve, portanto, aceitar o pedido do novo presidente para ajudá-lo na tarefa de explicar a mudança de governo a países vizinhos.
G1
OPINIÃO - 26/11/2024