João Pessoa, 18 de junho de 2022 | --ºC / --ºC Dólar - Euro
A vida é áspera e bonita. Vida, que nem todos tem o mesmo norte, certamente a mesma escada, o corredor, cada um com sua dor. Um amigo que se foi tão cedo, o jornalista Gil Sabino.
Olho e penso muito nas flores do jardim da nossa casa, que se preparam para nascer e morrer. Um jardim em prantos. Penso em Gil Sabino.
Como pode ser tão curta a vida se tem tanta semente por aí? Feliz de quem tem um jardim, o milagre exposto a olho nu e somos tão pequenos, como os feijões.
Gil Sabino já foi e nem viu o desfecho cruel do jornalista inglês Dom Philips e do indigenista brasileiro Bruno Pereira, mortos cruelmente na região do Vale do Javari, no Amazonas. Eles não estão mais desaparecidos.
Gil Sabino vivo em seus degraus na esfera azul, seu texto, nesta divisa entre o prazer e a morte.
Fiz uma oração do meu jeito. Por mim e por todos, em nome de quem também sofreu sua perda.
Pensei também nos outros que já se foram. Tantos.
Pensando em Gil Sabino.
Somos todos desse tempo, o tempo que se alarga e é possível virá-lo do avesso, até encontrar a paz, no mergulhar iluminado do entorno, no tempo que nos resta.
Gil Sabino está por aí.
A vida é áspera e bonita ao mesmo tempo. Gil deixou seu rastro, sua sombra.
Kapetadas
1 – Existem incontáveis modos de matar, matar-se, ser morto. Não existe modo de não morrer.
2 – O país tá dividido: mascarados assustados x descarados assustadores.
3 – Som na caixa: “Acorda, vem ver a lua/Que dorme na noite escura”, Villa-Lobos
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OPINIÃO - 22/11/2024