João Pessoa, 23 de junho de 2022 | --ºC / --ºC Dólar - Euro
É fato e lugar-comum dizer que o Brasil é um país com dimensão continental. Outro dia conversando com meus botões, fiquei a imaginar como estão espalhados nossos compatriotas neste solo da mãe gentil e também pelo mundo afora. Tem brasileiro em todo lugar. Mas tem um, de origem nordestina, que parece só se encontrar em seu estado natal.
Em todos os estados da nossa federação encontramos baianos, cearenses, pernambucanos, paulistas, cariocas, paraibanos, goianos, candangos, alagoanos, amazonenses e até acreanos. Foi o amigo e homem de muitas andanças Lucrécio Ladislau, quem alertou para o fenômeno. Ele que é afeito a fazer apostas inusitadas, já ganhou muitas delas desafiando quem andava com o retrato da sogra na carteira. Em tempos de vacas magras, tem muita gente preferindo o pé-de-coelho à foto da mãe de sua mulher.
Quem vai a São Paulo certamente dará de cara com um taxista paraibano. No restaurante, então, cearense é prato cheio (com perdão do trocadilho). Baiano, nem se fala! E foi o nordestino guerreiro quem construiu aquela metrópole. Mas quem é aquele que não se encontra em outro lugar, senão o de sua naturalidade?
É o próprio Lucrécio quem, com voz tonitruante, desafia para a mais nova aposta: qual de vocês conhece um sergipano, morando fora de Sergipe? Confesso que fiquei surpreso e um tanto intrigado. Queimei meus neurônios buscando lembrar um vizinho, um colega de faculdade, um conhecido na repartição ou até mesmo um garçom do botequim da esquina. E nada. Como gosto de música, tentei recordar um sergipano no meio musical e fracassei novamente.
Mesmo sendo o Brasil liderança no esporte bretão, não consegui lembrar de nenhum craque da bola. É possível que a nossa teledramaturgia tenha em seus quadros grandes atores sergipanos, mas confesso, nomes não me vieram à mente.
Fui à Sergipe, conheci Aracaju cidade acolhedora, bela e pacata. Gente amiga e sempre disposta a ajudar. Fiz amizades com juízes com quem me comunico até hoje. Pretendo lá voltar para saborear sua culinária e banhar-me em suas praias. Mas meu tempo está acabando e Lucrécio Ladislau, com seu olhar inquietante e desafiador espera pela resposta que eu não tenho para dar. Se você conhece algum sergipano morando fora de Sergipe, avisa a Lucrécio.
Cá estou eu com minha família em Gravatá, um lugar que recebe gente de todos os, lugares e lá longe em qualquer lugar, o brasileiro está.
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