João Pessoa, 23 de junho de 2022 | --ºC / --ºC Dólar - Euro
Há pessoas que praticam ações dignas de benemerências, de prêmios e nunca experimentam em vida o devido reconhecimento. Quando mortas continuam a reverberar, gerar, multiplicar, repercutir e influenciar muitas outras sem que se deem conta dos benefícios recebidos, fruto do esforço e do trabalho de quem esteve comprometido com os mais humildes através de atos fraternos e solidários. Foi assim o que aconteceu com Maria Odília Pereira Lins.
No dia três de junho próximo passado participei da inauguração do Lar Maria Odília Pereira Lins. Trata-se de um lugar de acolhida com sessenta e seis leitos, no Hospital Padre Zé, destinado a abrigar enfermos vindos do interior do Estado da Paraíba a fim de realizar tratamento médico-hospitalar em João Pessoa. Um pequeno edifício em condições condignas para receber pacientes sem meios de serem atendidos em outros nosocômios. Fiquei surpresa com a qualidade das instalações destinadas a essa missão, construídas pelo Governo do Estado com a participação da Receita Federal e da Arquidiocese.
Por que essa homenagem? Quem foi Dona Odília (Era assim que a chamávamos)? Como diz Janete, sua filha: “uma mulher temente a Deus, integra, honesta e defensora dos valores morais, alicerçados em princípios cristãos, que transmitiu para sua geração”. Casada com João Azevedo Lins, cuja união foi construída com amor, cumplicidade e solidez de sentimento, sob o fundamento e a essência do trabalho e honestidade, atributos que alimentava a família na convivência estabelecida entre seus membros. O casal teve três filhos: Janete Lins Rodriguez, casada com Antônio Gumercindo Falcão Rodriguez, mãe de Luciana, André e Daniel; Bráulio Pereira Lins, casado com Isolda Moura Lins pai de Bráulio Junior e Alexandre; e João Azevedo Lins Filho, casado com Ana Maria Sales Lins, genitor de Sabrina, Felipe e Priscila. Dona Odília ergueu um esplendoroso clã em que todos os seus integrantes se notabilizaram na sociedade paraibana em diversas áreas: Técnica, educacional, administrativa e política, tendo como figura de relevo João Azevedo Lins Filho, atual governador do Estado da Paraíba.
Quero agora me deter na homenageada, Dona Odília Pereira Lins, nome dado à nova unidade do Hospital Padre Zé. E dizer o porquê dessa homenagem? Dona Odília há muitos anos era uma benfeitora do Hospital Padre Zé, desde que o Monsenhor Zé Coutinho era vivo. Não só colaborando com mensalidades e doações, como costurando lençóis para abastecer o hospital, além de fazer enxovais de bebê e sapatinhos de tricô para as crianças, material distribuído com as mães frequentadoras da Igreja. Estava sempre a movimentar-se para buscar ofertas e ajudas. Na solenidade de inauguração, o diretor da Instituição, Padre Egídio de Carvalho Neto, em seu discurso, deu um testemunho porque se outorga a homenagem a Dona Odília. Não pela influência política, mas pelos méritos que ela tinha como protetora da Instituição cujo registro consta no acervo da casa, em livro do arquivo, que atesta ter sido personalidade de primeira hora, que acreditou que se podia comprometer e colaborar na realização do sonho de Padre Zé em alcançar o que existe hoje. O que justifica a honraria prestada a uma mulher que com suas atitudes e sem riqueza pôde tirar um pouco do que tinha e do que sabia fazer, costurar, para se doar numa abnegação anônima sem visar lucro nem nada em troca. Exemplo que deixa para sua descendência o que induziu a ações de continuidade.
Hoje, seu filho Dr. João Azevedo Lins Filho, Governador do Estado da Paraíba, na convivência de seu lar e incorporando à educação recebida, onde o servir ao próximo era hábito corriqueiro, na prática de seus genitores, ajudar as lideranças do bairro onde moravam para que fossem conseguidas melhorias desejadas; como abastecimento d’água, etc. O senhor João Azevedo Lins instalou alto falantes em frente à sua mercearia para que fossem dados recados e avisos de utilidade pública à comunidade. Naquele tempo, os meios de comunicação eram escassos. Não foi político nomeado, mas, no abranger de suas posses e com as limitações existentes, exerceu plena cidadania comprometida com os pobres, mais que qualquer político. Nele estava a política do bem servir e atingir os mais humildes. Nada mais justificável que o Governo de Estado, através do seu Governador João Azevedo Lins Filho, conceda doações públicas para o Hospital padre Zé, ele que conhece tão bem suas carências, até porque a Instituição presta assistência aos carentes, substituindo muitas vezes a função que é própria do Estado e que devido aos parcos recursos deixa de atender.
Diante do que foi relatado, a liderança exercida por Dona Odília deu-se na plenitude dos princípios cristãos. O testemunho disso evidencia-se na caridade que prestou até os seus últimos dias. Constituiu uma grande família que hoje continua a colaborar com aqueles que mais precisam cada um à sua maneira. Dona Odília atuou de modo que em suas obras ainda soam a música que cantou e que a faz eternizar através do legado perene construído por toda sua vida. Sintam-se orgulhosos os familiares de Maria Odília Pereira Lins pelo exemplo de dignidade, honradez e sobretudo pelo sentimento mais nobre do ser humano-servir aos necessitados. Abraçou a causa de minorar a condição dos mais pobres e provou que isso é possível. Mereceu, portanto, toda a honraria. Vemos seu nome gravado em placa de bronze como justa e merecida homenagem a uma grande mulher paraibana.
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TURISMO - 19/12/2024