João Pessoa, 30 de junho de 2022 | --ºC / --ºC Dólar - Euro
O casamento é o sacramento mais forte que concretiza expressamente o amor. Na profundeza do pensamento cristão o casamento é o mistério que no Gênesis é visto na criação do homem, da mulher, na ordem de crescerem e se multiplicarem. A palavra do homem não é uma oração a Deus, mas uma declaração de amor: “Eis agora, aqui, o osso dos meus ossos e a carne de minha carne” (Gn2,23). Chamado de santo matrimônio é a aliança pela qual um homem e uma mulher estabelecem entre si uma parceria para toda a vida. O amor perfeito é difusivo, ele espalha-se, aumenta, quanto mais amor mais partilha. É a expansão do sentimento.
Conheci um casal que por muito tempo tentou ter um filho e ele não chegava. Nunca tomou contraceptivo, tinha assistência e acompanhamento de médicos especialistas. Havia um problema de infertilidade. Conseguiu-se detectar a causa da infertilidade como um fator anatômico, que impedia a concepção. Segundo a OMS e a Associação Brasileira de Reprodução Assistida, 15% da população é infértil (06/2022).
Esperando pela hidroginástica, acompanhada da professora, sentou-se Fátima mãe de Lorena, criança de seis anos, pois o tempo chuvoso não permitia ter aula. Começou a conversar com Júlia, dizendo: “estou muito orgulhosa de Lorena.” Ela tem uma colega na escola que sofre de bullying por ser órfã. Está em processo de adoção queixando-se por isso, foi quando Lorena disse: Maria, eu também sou adotada, e não tem nada demais, eu amo meus pais, por isso você devia ser grata a Deus. Foi quando Júlia tomou conhecimento do fato. Fátima narrou a linda história de Lorena.
O casal tinha feito vários tratamentos e concluído que o problema era defeito anatômico nos condutos e que só conseguiria com cirurgia do esposo e mesmo assim a chance seria mínima. Então, desistiram e resolveram adotar um filho. A adoção tornou-se um gesto tão significativo que deu origem à criação do dia internacional da Adoção, 9 de novembro, e o dia 25 de maio como o dia Nacional de Adoção. Assim procederam, adotaram Lorena com um ano de idade. Fátima disse: “foi um ser de luz que trouxe luz para minha vida. Ela encantou toda família”.
Quando Lorena completou três anos começou a ter uma amiga imaginária. “As vezes ela gritava dizendo: “olhe ali na janela, você não está vendo não”? Fátima dizia: “O que? Minha amiga Maria Flor. E isto passou a ser frequente, sempre estava a falar nessa amiga, brincar, dividir os brinquedos com ela etc.” Descrevia suas características e exclamava. “Ela é linda!” Fátima começou a ficar preocupada e levou Lorena à psicóloga. A psicóloga esclareceu à Fátima que era natural as crianças criarem um amigo imaginário e não há nada para se preocupar. Lorena insistia que queria muito um irmãozinho e que ia pedir a papai do céu.
Um dia, de madrugada, Lorena, com quatro ano e meio de idade, acorda gritando: “Mamãe corra, corra. O que é Lorena? Ela Insistia, beba água. Beba água”. (Eles tinham o hábito de deixar água no quarto). Fátima, então, bebeu a água ao ver o desespero de Lorena. Ao término, Lorena exclamou: “Ufa! Pronto! Maria Flor já está em sua barriga, ela falou para mim. Você vai ver. Agora tem uma coisa, quando você descobrir eu serei a primeira pessoa a saber. O nome dela será Maria Flor.” Achou aquele episódio fantasioso, não levou em consideração e não contou a ninguém. Segue a vida. Estava no momento focada em sua mãe que passava por tratamento de câncer muito sofrido. Um dia começou a passar mal, nauseada, mas atribuiu o fato a uma feijoada. Noutros dias voltou a sentir os mesmos sintomas. Na sua solidão, e no silêncio da intimidade, julgava estar com a mesma enfermidade da genitora. Guardava a situação só para si o que a deixava ansiosa e não criar expectativas.
Lorena insistia: “mamãe você não acredita, mas Maria Flor ela já está com você.” Fátima, sem dizer a ninguém, fez quatro testes rápidos para detectar gravidez, comprados na farmácia, e todos deram negativos. Resolveu fazer escondido o BHCG no sangue e deu positivo. Emocionou-se, chorou e ficou extasiada, sem acreditar, parecia que o milagre tinha acontecido. Lembrou de ligar para Lorena, que estava em aula, pediu a professora para passar-lhe o telefone. Lorena foi logo rindo e dizendo: “mamãe eu já sei a notícia que você vai me dar: é de Maria Flor na sua barriga”.
Foi uma alegria para todos. Na empolgação, Lorena passou a conversar com Maria Flor que estava no útero da mãe. Fátima explicava que ainda não sabia o sexo, Lorena persistia “é Maria Flor. Você não está acreditando em mim, mas ela já me disse”. Ao completar quatro meses de gravidez realizaram a ultrassonografia para identificar o sexo do bebê. Foram os três, Fátima o esposo e Lorena à clínica de imagem e chegando lá o médico não estava conseguindo ver o sexo. O bebê estava com a perninha por cima impedindo de vê-lo. Mudou de posição, a criança de um lado e outro, e nada da criança se virar. Foi quando Lorena, que tinha quatro anos e meio na época, disse para o médico: “deixe, eu vou falar com Maria Flor. E assim fez. Encostou a boca no abdômen da mãe e expressou: “Maria Flor abra suas perninhas para eles verem que estou falando a verdade. Que você é uma menina”. E quando o médico passou o aparelho ela posicionou-se de maneira a confirmar o sexo. Todos na sala ficaram atônitos sem acreditar o que estavam vivenciando.
Continuando a conversa, Fátima disse-me: “elas duas têm uma ligação inexplicável. Se uma tiver doente a outra sente o mesmo, é um laço existente tão forte entre elas que vai além das coisas aqui da Terra “. Júlia confirmou-me que é assim que acontece, ela é professora das duas e testemunhou a veracidade. Se uma consegue fazer uma coisa na natação a outra vibra. Impressionante! O que já chamava sua atenção, mesmo não sabendo dessa história. Acrescenta: “parece mesmo que são coisas de outras vidas, que vêm do céu”. E concluindo: “eu ganhei o maior presente, na vida, que foi Lorena e através dela ganhei a Flor.” Caso inusitado. Deixo aos espíritas para, com suas doutrinas, explicarem.
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OPINIÃO - 22/11/2024