João Pessoa, 11 de julho de 2022 | --ºC / --ºC Dólar - Euro
O amor é o sentimento que dá o tempero à vida e a todas as nossas ações. É a razão do viver. Não é à toa que a bíblia no versículo 1, João 4:8, diz: “quem não ama não conhece a Deus, porque Deus é amor”. Poderíamos mencionar diversos trechos bíblicos que falam do amor. Ele é a chave da felicidade. Apesar de ser oculto tem uma linguagem própria concreta através de palavras, de gestos de bondade, de solidariedade, de carinho, em tudo que se faz, no silêncio de uma saudade etc. As manifestações são consequências do amor, como a dedicação e o compromisso, entre outras.
Há três palavras mágicas para se realizar alguma coisa na vida: amor, dedicação e compromisso. Por que estou falando assim? Talvez fosse cabotinismo, mas pensei, se eu não disser agora como mãe, a que horas eu vou dizer? Estou a falar de minha filha Marielza Rodriguez Targino de Araújo. Constato de perto quanto é apaixonada e quanto amor tem pelo que faz – gerenciar o artesanato. Emprega todo esforço e empenho, desprendimento e denodo para que o programa se desenvolva e progrida.
No dia 8/06/2022, no Museu de Arte Contemporânea (MAC) de Campina Grande, foi instalado o 34º Salão de Artesanato Paraibano. Após dois anos esse empreendimento resultou na montagem de uma mega estrutura, com 3,4mil m², ambientada e decorada com inspiração no grande homenageado, o bordado, apresentando peças artesanais de diversas especialidades. Recebeu a parceria de instituições e órgãos de todo o estado, o que foi muito comemorado pelos quatrocentos artesãos das diversas tipologias: labirinto, madeira, cerâmica, brinquedos populares, arte indígena, crochê, tricô, renda renascença e o bordado que é feito “obrigatoriamente a mão”. Cada Salão adota um polo temático e o deste ano teve o slogan “Bordados que contam histórias”.
Funcionou das 15 às 22 horas, de segunda a domingo. Sua entrada foi gratuita, porém era solicitado das pessoas que voluntariamente quisessem doar 1k de alimento não perecível para ser destinado a instituições filantrópicas. O evento coincide com as festividades do maior São João do Mundo, realizado durante todo o mês de junho. Foram homenageados, este ano, artesãos que se notabilizam na área do bordado a mão: Eurídice Honorato, Rosa Maria Barbosa, Thalília dos Santos Costa, Cleide Mariano de Melo, Adailsa Rodrigues de Almeida/Alagoa Nova; Evanilda Cavalcante e Maria do Socorro Farias Alves /Serra Redonda; Maria Helena Pereira, Geolanges Oliveira e Débora da Silva Nunes/João Pessoa; Rafaela Oliveira de Araújo/Campina Grande, Naudeci Maura do Nascimento, José Derik da Silva, Stephany Vitória da Silva, Lívia Gilvaneide da Silva, Regina Maria de Lima da Silva, Tiago Cavalcante da Cruz/Gurinhém, Lucila Matias Gomes e Iris Diana Matias de Oliveira/Galante.
Incorporam-se ao evento projetos de função social dos mais meritórios, além daquele assistencialista de doar alimentos para pessoas pobres; o de ressocialização, “Castelos de Bonecas”, vinculado ao Sistema Penitenciário com o ateliê Fernanda Benvenutty; e o “Resgate”, dirigido pelo Sr. Álvaro Teixeira da Rocha (Vavá), que objetiva a recuperação de pessoas que vivem no mundo das drogas e estão jogadas nas ruas, resgatando e integrando-as à sociedade a fim de conceder-lhe dignidade e cidadania. Observa-se que todos tem logrado êxito, como prova de que só se precisa de uma oportunidade. Nesse sentido o governo tem trabalhado oferecendo apoio através de medidas protetivas.
O 34º Salão de Artesanato chega ao seu término com pleno sucesso, constatado pelos resultados obtidos com a comercialização de R$ I.090.719,46 (Um milhão, noventa mil e setecentos e dezenove reais e quarenta centavos), entre vendas e encomendas, tendo atingido as metas previstas de uma tonelada e meia de alimentos que serão distribuídos entre entidades carentes.
Quero reportar-me a gestora do Programa de Artesanato da Paraíba, Marielza Rodriguez, funcionária efetiva do SEBRAE /PB onde despertou o interesse e afeto pelo tema do artesanato, para que todos saibam ou sintam que é apaixonada pelo que faz. Eu, como mãe, posso aquilatar quanto está envolvida não só na administração, mas, sobretudo, com a dimensão humana daqueles protagonistas que realizam e constroem o artesanato, cada um em sua especialidade. Bem próprio é o tema: “Bordados que contam histórias”. Cada artesão tem sua história que lhe é peculiar e única. Marielza conhece cada um em sua intimidade. Vivencia suas carências, seus problemas sentimentais e de família. Visita suas casas, senta em suas mesas, almoça, toma um café e conquista a sua confiança. Sente-se partícipe de sua vida. Constatei que é muito querida. Chega a ser disputado entre elas o seu carinho e a sua amizade. Acreditam em seu trabalho e no comprometimento que tem em ajudar a vencer os desafios e levar seus sonhos mais adiante. Para isto se articula com os órgãos do Estado e Municípios, empresários e pessoas influentes que possam ajudá-las nesse propósito. Pude testemunhar alguns depoimentos, quando a acompanhei em suas viagens. Artesãs sofridas, abandonadas com os filhos pelos seus maridos, que as deixam para tentar vida melhor no Sul do país e nunca mais retornam.
É sofrimento indescritível que está exposto em seus semblantes. Não tem outra alternativa a não ser o trabalho manual que aprendeu como herança de sua mãe. Uma delas, na cidade de Monteiro, disse-me: “A senhora não tem uma filha não. Tem um anjo que modificou a minha vida e de muita gente aqui. Deu valor ao nosso trabalho. Fez-me sentir gente”. Ela, com lágrimas nos olhos, e Marielza também. Senti-me emocionada. Em outra ocasião, passávamos próximo ao rio que recebia a transposição do São Francisco e com muita água, falou chorando: “Mainha eu presenciei as artesãs chorando, tomando banho e jogando a água para cima, de felicidade. Não me contive fui às lágrimas você precisava ver. Pensei… A água é coisa tão natural e quanto tem de importância para elas”. Teriam muitos outros episódios para contar de sua trajetória nesse campo, que demonstram seu desprendimento e abnegação pela causa do artesão. Os que fazem artesanato precisam de alguém que os levante e ajude nos desafios enfrentados e a construírem suas imagens de forma positiva, de modo a sentirem-se satisfeitas/os com as artes e obras que realizam. Observo que Marielza consegue isto.
Vale ressaltar que ninguém realiza nada sozinho, e, no Programa do Artesanato da Paraíba, não seria diferente. Marielza, no trabalho que realiza, exerce sua liderança colegiada adquirindo a confiança e o respeito de toda a equipe, sem prepotência e sem autoritarismo, conquistando a todos em ambiente de companheirismo e amizade de modo que o labor é partilhado e a labuta para alcançarem esse desiderato não tem dia nem hora. Existe integração entre os funcionários e nenhum sente-se maior que o outro, mas cada um é consciente da utilidade e contribuição de seu trabalho na participação do sucesso a ser alcançado. É importante destacá-los na equipe do PAP: Ana Cristina Barjud, Giogiane Luna, Valéria Bastos, Fábio Morais, José Marcilio Souza, Jonh Ferreira, Antônio Cardoso, Marileide Lourenço, Yara Alencar, Eugênia Barreto, Anny Fayelle, Joanne Gomes Silva, Haendel Melo, Rafael Silva, Geolagens Oliveira, Dadá Venceslau, Alia Nasim e Landi Luedja Guedes, Cristiliano Gomes, Fátima Almeida, Virginia Quintans, Gustavo Vaz (Arquiteto).
Consolida-se o Programa do Artesanato Paraibano através de ações concretas do governo do Estado, sobressaindo o prestígio e a intervenção direta do Governador João Azevedo e da primeira dama, Presidente de Honra do PAP, Ana Maria Lins. Além da Curadora e também apaixonada pela causa, Janete Lins Rodriguez. Sem esse apoio nada disso aconteceria, merecendo todo o reconhecimento dos que fazem o artesanato, em especial artesãs e artesãos, que veem nesse gesto meritório ao trabalho executado uma conquista de sua dignidade como cidadãos. Exalte-se o artesanato Paraibano!
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OPINIÃO - 22/11/2024