João Pessoa, 19 de julho de 2022 | --ºC / --ºC Dólar - Euro

ÚltimaHora
Médico. Psicoterapeuta. Doutor em Psiquiatria e Diretor do Centro de Ciências Médicas da Universidade Federal da Paraíba. Contato: [email protected]

Espiritualidade e ciência

Comentários: 0
publicado em 19/07/2022 ás 07h00
atualizado em 18/07/2022 ás 21h30

Conveniou-se, por uma parte da sociedade, a relacionar religiosidade a dogmas, crenças infundadas, coisas sem muito sentido.

Esse tema, no entanto, vem sendo objeto de estudo para cientistas, e muita coisa vem sendo mudada. Há, especificamente, duas relações bem trabalhadas. Espiritualidade na relação com a dor e com a depressão. Isso foi destaque no editorial da revista Brasilian Journal of Pain.

É a visão da medicina se voltando para um olhar integral do ser humano, incluindo a dimensão espiritual na definição de saúde, e a apontando quão fundamental é a espiritualidade para o equilíbrio dele.

Destaque-se que há duas principais vertentes no conceito de espiritualidade. Uma, que estabelece, obrigatoriamente, uma ligação com o divido, o sagrado; e outra, que aceita a transcendência por aspectos da natureza, da arte, sem, necessariamente, incluir o conceito de Deus.

A tendencia é conceituar espiritualidade como como o “conjunto de práticas, crenças e experiências, individuais ou sociais, que promovem a conexão com o imaterial, o sobrenatural, o mundo espiritual, o divino- que, por sua vez, leva a um crescimento pessoal com melhora do estado de bem-estar”.

Evidências científicas apontam para que a espiritualidade influencia positivamente a saúde física, mental e social. É verdade que, diante do sofrimento, pode-se utilizar a espiritualidade de maneira negativa (coping negativo), mas as experiências mostram uma predominância do lado positivo das reações (coping positivo).

Enquanto a medicina, por um lado, é cada vez mais subdivida em subespecialidades, o campo mental se abre para abordagens mais amplas, atribuindo, ao ser humano possibilidades mais amplas, antes completamente ignoradas pela ciência.

Aliás, é esse, senão outro, o papel da ciência. Focar luz onde parece escuro, e explorar o lado desconhecido em todos os sentidos. Então, fica combinado assim: espiritualidade também pode ser objeto da ciência, e até ser mensurável na prática clínica, e não algo metafísico, um substrato fora do alcance do conhecimento científico do homem.

* Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Portal MaisPB