João Pessoa, 25 de julho de 2022 | --ºC / --ºC Dólar - Euro
Gostaria de um dia branco.
Vazio de coisas ruins, mas cheio de boas possibilidades.
Seria um dia plácido, alvo, sem mácula.
Sem ruídos. A cabeça em silêncio. O coração em paz.
Seria de um branco puro, livre para receber qualquer cor.
Um dia onde tudo fizesse sentido, se encaixasse.
Uma mão e um passo que puxasse a caminhada.
Uma brisa que, de leve, me mostrasse a direção do vento.
Um olhar que visse além do óbvio. Um olhar que compartilhasse a alma.
Uma alma transparente, que se entregasse à brancura do dia, sem medo de misturar as cores.
Dias brancos assim são raros. Talvez nunca mais existam para mim.
Então, hoje vivo o cinza. O cinza que me faz perceber a necessidade do branco.
O cinza que traz a honestidade de reconhecer-se pouco, insuficiente.
O cinza que, de tão honesto, se faz tão necessário quanto o branco.
Ah, mas o branco… o branco é o que todos querem.
Alguns vivem dias assim todos os dias. Alguns fingem viver. Alguns não vivem e não se importam.
Estes já fecharam a porta da alma. Não vale a pena. Seguem o passo do caos que está posto.
Eu não. Não consigo fazer isso. Acho que quem já viveu dias brancos não sabe viver sem eles eternamente. Passam a fazer parte de quem somos.
Então eu vou à procura. E, citando o poeta, quando esse dia branco chegar, irei “pro que der e vier”. Faça chuva, faça sol. Irei “até onde a gente chegar”.
E, mesmo que minhas suspeitas se confirmem, mesmo que os dias brancos nunca mais cheguem para mim, gosto de morar na certeza ou, pelo menos, na boa esperança de que eles existem.
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NOVA VAGA - 17/12/2024