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Jornalista paraibano, sertanejo que migrou para a capital em 1975. Começou a carreira  no final da década de 70 escrevendo no Jornal O Norte, depois O Momento e Correio da Paraíba. Trabalha da redação de comunicação do TJPB e mantém uma coluna aos domingos no jornal A União. Vive cercado de livros, filmes e discos. É casado com a chef Francis Córdula e pai de Vítor. E-mail: [email protected]

Aqui ou wally, sou mais Catherine Deneuve

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publicado em 30/07/2022 ás 07h00
atualizado em 30/07/2022 ás 08h36

A teoria da narrativa. Talvez corte curto, talvez deixe crescer barba e bigode ou pinte de lazule, mude o nome para um que copie um astro, invente uma palavra nova e não seja esnobe.

Talvez encontre outra casa, arranje uma sombra, porque o sol já furou a moleira. Há dias em que nada pode ser o que já foi, porque quem viveu já viu.

Sem pular os dias em que tem uma noite no meio. Desde de Autóctones que é assim. Cécrope, Erecteu e Erictonio que o digam.

Uma hipótese. Talvez eu viaje, talvez eu volte, talvez eu não queira mais, talvez eu peça emprestado, mas quem empresta não presta.

Muitas hipóteses. Há muitas convergências, há muitas mulheres bonitas, além de Catherine Deneuve. (foto)

Não sei como vão surgindo ideias assim. Aqui ou wally, mas penso que vão surgir mais. Há muito descontentamento. Há muita conversa fiada, há muita chateação, há muita doença, muitos ladrões que não vão para o paraíso.

O tempo é o grande inimigo. Angela RoRo que o diga. O tempo interrompe, corrompe os sentimentos, especialmente o amor. O amor era tão lindo…

O tempo faz apodrecer a pera sobre a mesa, a sobrecoxa o sexo e o amigo. Mas o tempo também traz conhecimento, poesia, contentamento.

O virtuoso da narração, adoro a narração.

Lá em cima, os aviões sobrevoam misérias e urubus que ainda passeiam a tarde inteira entre os girassóis.

Cá em baixo alguém segura uma vela e o outro, uma pistola.

Uma criança no colo, outra na chupeta e a terceira, uma bala perdida. Cadê colo?

Uma mulher olhou para mim na sala do doutor de “pele” como se me conhecesse, não fala, ela tem Alzaimer. Uma doença que não controla as emoções. O cuidador tem os olhos castanhos e as respostas das crianças que ainda não sabem da música de Gonzaguinha. É a vida.

Homens que vão sozinhos escondendo a vergonha e o embaraço de quem não sabia das lágrimas. Deuses de camisa de manga longa. Só se desmancha no ar o que é fraco.

Despedidas de mãos vazias. A mala já foi. Tem bilhete de ida e se perde na fila da esperança.

Kapetadas

1 – Se nunca te roubaram uma ideia, você precisa ter ideias melhores.
2 – Te amo. – Infelizmente não posso amar de volta uma pessoa que começa uma frase com um pronome oblíquo.
3 – Som na caixa: “Bomba luminosa sobre o capital”, Caetano

* Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Portal MaisPB