João Pessoa, 31 de julho de 2022 | --ºC / --ºC Dólar - Euro
Hoje acordei e tinha uma mensagem no meu celular de uma superamiga que mora em Manaus dizendo que adorava a minha decolonialidade. Comecei o dia com um pé na felicidade me considerando um ativista da resistência, um cidadão que segue o um caminho de resgate de vozes emudecidas, procurando desconstruir padrões, conceitos arraigados, tendências e perspectivas impostas a nós, povos subalternizados durante todos esses séculos. Essa junção de Templos, modernidade industrial e capitalismo nos prende de tal forma que tem gente que acorda e vai somente trabalhar, volta tarde da noite, retorna a dormir para acordar e trabalhar novamente, dia após dia e sonha toda semana com a chegada do domingo.
Acho que se fôssemos todos ateus, daríamos mais valor ao presente, à vida sem expectativa de chegada do fim de semana, do fim do mês, do fim do ano, do fim da vida para sermos recompensados em uma outra vida.
Que bobagem pensar em outra vida, não? Colocaram na nossa cabeça que Deus nos presenteará no paraíso. Paraíso já é aqui, cabe a nós fazermos a coisa certa. Não sou ateu, não, viu? Mas declaro que nunca terei essa concepção de que o meu está guardado e que beberei da fonte iluminada após minha partida do plano terreno. O meu é agora e o agora é o sagrado! Eu vivo intensamente a vida e já parei de lamentar o passado, parei de romantizar o futuro, parei de consumir todo tipo de “enlatado”!
Quero uma vida saudável, sem o melhor do material, sem o melhor celular, sem a melhor vestimenta, sem a melhor marca, sem modismos impostos das grandes nações dominantes. Quanto mais me liberto de me aparentar poderoso, mais me vejo encaixar na decolonialidade. Parece fácil viver desconstruindo, mas é dificílimo, às vezes escorrego e tropeço muito, mas procuro o melhor do meu país, das nossas raízes, das minorias, das regionalidades, das coisas mais naturais, dos amigos mais simples, de tentar viver sem ser subjugado, oprimido, dominado. Por fim, busco viver dos nossos sonhos e não dos sonhos de uma sociedade imperialista, ou seja, viver do prazer de ser mais eu e meu quintal e não os outros e seus quintais estrangeiros!
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OPINIÃO - 22/11/2024