João Pessoa, 12 de agosto de 2022 | --ºC / --ºC Dólar - Euro
Um tipo estúpido de gente, arrogante e sem noção faz questão de agredir as manifestações religiosas das outras pessoas, como se a sua Religião fosse a única com direito às coisas do céu ou às reprimendas do inferno.
Refiro-me à notícia pontuada pela mídia de que a primeira dama da nação teria associado as religiões de matriz africana às trevas, e, por oposição implícita, o seu evangelismo, ainda que hipócrita e distorcido, à luz.
Bem analisado e considerando que esses ataques se dirigem às religiões do povo preto, demonizando-as, é legítimo considerar que, por detrás das ofensas, no recôndito desse comportamento escroto e covarde reina o sentimento de superioridade racial.
Isto é muito mais pesado se considerarmos que o ataque partiu de uma mulher cristã, uma primeira dama. É estranho porque, das mulheres, ungidas pelo privilégio da maternidade com sua infinda capacidade de compreensão, espera-se postura mais respeitosa com as diferenças; é estranho porque a expectativa que se tem de uma pessoa evangélica raiz, a esposa do capitão, é a afinidade com o cristianismo que não compactua com ataques desse mister; é estranho porque uma primeira dama deve se dar ao respeito e pronto.
Essa atitude intolerante que se espalha desavergonhadamente nas diversas camadas da população mais bestializadas, precisa ser combatida por todos aqueles que ainda guardam dentro de si a porção humana da bondade. Mas isto é pouco. É moral, apenas. As armas da institucionalidade postas pelo sistema jurídico devem ser usadas com o rigor da lei, implacavelmente.
O ataque é condenável por quaisquer perspectivas, mas é maximizado quando proferido em um palanque político para despistar a misoginia do marido; para reforçar um machismo horrendo instalado nas veias da governança do país; para incrementar campanha política de quem usa e abusa do preconceito velado ou explícito contra os pretos, os indígenas, os homossexuais e as mulheres. Basta!
@professorchicoleite
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