João Pessoa, 13 de junho de 2012 | --ºC / --ºC Dólar - Euro
BAGDÁ — Uma série de explosões deixaram mais de 70 mortos e 150 feridos nesta quarta-feira, no Iraque. Só nesta manhã, foram 29 ataques, 12 deles com carros-bomba, em Bagdá e outras cidades próximas, no dia mais violento desde que as tropas americanas deixaram o país em dezembro passado. Os alvos eram todos comunidades xiitas e, para analistas, o fato demonstra que seis meses após a retirada americana o conflito sectário volta a ganhar força no país. Grupos extremistas sunitas, que estariam ligados à al-Qaeda, tentam reacender a luta que levou o país ao limite de uma guerra civil, entre 2006 e 2007.
O primeiro atentado, que deixou 22 mortos e 38 feridos, aconteceu em Hilla, capital da Babilônia, uma província de maioria xiita. Dois carros-bomba explodiram na porta de restaurantes frequentados por forças de segurança, informou a agência de notícias Reuters. Era hora do café da manhã, e um pequeno ônibus cheio de policiais tinha acabado de estacionar. A maioria dos agentes de segurança iraquianos são xiitas.
Em Bagdá, ao menos 30 pessoas morreram quando quatro bombas atingiram peregrinos xiitas enquanto eles se reuniram para marcar o aniversário da morte do imã xiita Moussa al-Kadhim, um bisneto do profeta Maomé. A data costuma atrair dezenas de milhares de fiéis de todo Iraque e também de outros países. A polícia já estava sob alerta de segurança, e vários postos de controle foram erguidos perto das mesquitas do bairro. Um deles foi, inclusive, alvo dos terroristas nesta quarta-feira.
— Um grupo de peregrinos passava por uma tenda que oferecia comida e bebida quando um carro-bomba explodiu perto deles — contou Wathiq Muhana, um policial cujo carro estava estacionado perto do local da explosão, no bairro de Karrada, na capital. — As pessoas corriam cobertas de sangue, e corpos ficaram estendidos pelo chão.
Os atentados desta manhã foram os mais graves desde março. Só em maio, 132 iraquianos morreram em ataques parecidos. No domingo, pelo menos seis pessoas morreram quando duas bombas de morteiro atingiram uma praça de Bagdá repleta de peregrinos muçulmanos xiitas. No início deste mês, 26 pessoas foram mortas e mais de 190 ficaram feridas quando um suicida detonou um carro-bomba em frente a um escritório religioso xiita na capital.
Em Kirkuk, três bombas explodiram, uma delas perto do quartel-general do presidente curdo Massoud Barzani. Uma pessoa morreu, e muitos ficaram feridos na cidade. Também houve relatos de atentados em al-Azizyah, Mosul e no norte de Karbala.
Até agora, ninguém assumiu a autoria dos ataques desta quarta-feira. Após os atentados, o ministério do Interior iraquiano anunciou que vai reforçar a segurança em todo país, em um sinal de que o governo espera novas demonstrações de violência.
As tensões políticas têm crescido no Iraque desde que as últimas tropas americanas deixaram o país em dezembro, com o frágil governo do país dividido com o apoio do sunitas e com blocos étnicos xiitas e curdos brigando pelo acordo de partilha do poder.
O Globo
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