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Ana Karla Lucena  é bacharela em Direito pela Universidade Estadual da Paraíba. Servidora Pública no Tribunal de Justiça do Estado da Paraíba. Mãe. Mulher. Observadora da vida.

Quero ser o vermelho vivo

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publicado em 22/08/2022 às 07h00
atualizado em 21/08/2022 às 16h09

Ser eu mesma. Por mim. Para mim. É preciso ser muito corajoso para ser coerente consigo mesmo. Mas é possível. Difícil é revelar-se para o outro, sem saber o quanto ele aguentará sobre nós. O quanto não nos julgará. O quanto nos amará apesar de…

Agripino, O Diferente. Figura popular entre os estoicos do seu tempo. Viveu no império romano, totalmente tomado  pela corrupção. Mas, decidiu viver de acordo com os princípios aprendidos. “Eu quero ser o vermelho. Aquela porção pequena e brilhante que faz com que o resto pareça bonito e atraente… ‘Ser como todos os outros?’ Se fizer isso, como poderei continuar a ser o vermelho?”, disse.

Como ser individual, original e autêntico numa pós-modernidade onde o comportamento virou marketing? Onde, por mais que lutemos, mais cedo ou mais tarde nos pegamos repetindo comportamentos de massa? Precisamos, antes, saber se aguentaremos as consequências, pois a autenticidade aparece, ela brilha e pode ofuscar alguns.

Agripino foi condenado ao exílio por Nero, acusado injustamente de conspiração. Ele ousou ser diferente. Mostrar-se. Ser o vermelho num contexto onde todos deveriam ser da mesma cor. Onde o brilho deveria vir apenas do imperador. E encarou as consequências, mesmo sabendo que poderia ser exilado ou até mesmo decaptado.

Mostrar-nos nas nossas mais variadas facetas. Mostrar o nosso eu fragmentado ou o inteiro, no qual habita uma essência. Nada é tão importante nos relacionamentos.

E não importa o quão nebulosa essa essência seja. Se parece um céu nublado ou um dia ensolarado. Ambos têm sua beleza. Sua utilidade. Ambos têm a potencialidade de serem amados ou odiados, dependendo do ponto de vista.

Os dias nublados podem ser muito amados pelos amantes do frio, embora os dias ensolarados sejam os mais esperados e desejados.

Enquanto Agripino aguardava a sua sentença, ele aproveitou uma sauna e, após ser condenado, fez uma bela refeição antes de sair de Roma. Resoluto diante das consequências, agir diferente não era uma opção para ele, mesmo que representasse sua absolvição.

Quero ser esse vermelho vivo. Não ser um obstáculo para mim mesma.

* Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Portal MaisPB