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Jornalista paraibano, sertanejo que migrou para a capital em 1975. Começou a carreira  no final da década de 70 escrevendo no Jornal O Norte, depois O Momento e Correio da Paraíba. Trabalha da redação de comunicação do TJPB e mantém uma coluna aos domingos no jornal A União. Vive cercado de livros, filmes e discos. É casado com a chef Francis Córdula e pai de Vítor. E-mail: [email protected]

 Todas as coisas estão cheias de deuses?

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publicado em 02/09/2022 ás 08h04

JoMARd – Todas as sextas-feiras vamos publicar aqui na coluna do K os “Atentados Poéticos” do mestre Jomar Muniz de Brito, filho da pernambucana Maria Celeste Amorim Silva e do paraibano José Muniz de BrittoJomard nasceu em 8 de abril de 1937, no Bairro de São José, Recife. Jomard é um cineasta, professor e escritor pernambucano. Graduado e Licenciado em Filosofia pela Universidade do Recife (atual UFPE), iniciou sua carreira profissional como professor de Filosofia em cursos secundários. Integrou a equipe inicial do Sistema Paulo Freire de Educação de Adultos, tendo sido aposentado pelo regime de 1964. Manteve-se na UFPB até o AI-5. Agitador cultural, escritor, realizador de filmes em super-8 e de performances várias, participa intensamente da movimentação tropicalista no Nordeste nos anos 70. Cineclubista e intelectual engajado, irônico paladino das vanguardas, “o famigerado JMB ou o ETC do amor cortês” (como se auto-intitula) é autor de dez livros, algumas peças de teatro e mais de 30 filmes e vídeos. Jomard é nosdso amor na terra de João Cabral de Melop Neto. (KP)

 De Jomard Muniz de Britto, jmb
Tudo se faz por contraste: da luta dos contrários
nasce a mais bela e justa harmonia.
Os pré-socráticos por NÓS.
Heráclito nos entrelugares contemporâneos
percorrendo reais, simbólicos, imaginários.
Tudo sempre singular no plural.
O que aguarda os humanos após a morte
(e mesmo antes) é o que desesperam
nem tentam pelos deuses imaginar.
Investigam caminhos, labirintos, enigmas
e jamais encontrarão os limites da vida
tão profundo é  o seu LOGOS.
O itinerário da espiral sem fio
é reto e curvo, desdobrável ao infinito.
Deuses em conversações analógicas
preferem desconhecer situações-limite
entre espionagens planetárias e outras
bisbilhotices planaltinas e provinciais.
Por NÓS manifesta-se sempre uma e mesma
coisa: vida e morte, vigília e sono,
velhice e juventura, invenção e retrocessos.
Coragem nas redes da insustentabilidade.
O fogo se transforma pelo LOGOS em todas
as coisas e todas as coisas podem ainda
transcender em labaredas clarividentes.
Assim ousamos trocar mercadorias por ouro
e ouro por mercadores partidários.
Deuses pré-socráticos não devem ser reféns
de um Deus do Impossível.
Seres não coisificados investem na
aventura do experimental, desejando
o LOGOS além das lógicas dualistas,
tornando-se fogo, fôlego, fulgor pela
intuição das práticas transformadoras.
Todas as coisas estão cheias de deuses
replicantes, visionários, experimentadores
do tudo ao nada?
Recife, outubro/2013



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