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Jornalista paraibano, sertanejo que migrou para a capital em 1975. Começou a carreira  no final da década de 70 escrevendo no Jornal O Norte, depois O Momento e Correio da Paraíba. Trabalha da redação de comunicação do TJPB e mantém uma coluna aos domingos no jornal A União. Vive cercado de livros, filmes e discos. É casado com a chef Francis Córdula e pai de Vítor. E-mail: [email protected]

Minha obsessão

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publicado em 06/09/2022 ás 07h00
atualizado em 05/09/2022 ás 20h41

Poesia não enche barriga, mas serve-me bem ao cérebro. Degusto Drummond, Cecília, Augusto, Clarice e João Cabral de Melo Neto.

Posso ficar aqui, num canto com um prato, jamais um pranto. E algumas torradas amorosas, a ler em voz alta o texto Médico das Flores de Vinicius de Moraes.

Digo a mim mesmo que a vida presta, apesar dos disparates, ingratidões, listas de boletos e umas intrigas na rede neural.

Eu no acerto de contas e cada gesto me iguala “a força que as coisas parecem ter quando elas precisam acontecer”. Aconteceu.

A carne continua fraca, até o gozo suave da alma e não importa quais palavras são pronunciadas nos segredos de liquidificador.

Tudo já se reconhece em si mesmo, a vida avança e cada reflexo indica outra porta, outra poesia.

As flores comestíveis do jardim da nossa casa não podem ser vistas nalgum vestido, jamais do vestido pendurado na parede, daquele poema de Drummond

Os sentimentos do mundo disparam e não desbotam e eu prefiro as curvas da estrada do Altiplano.

Um amor de pernas longas, um amor liberto e ninguém é de ninguém.

Quero aproveitar o embalo desses detalhes tão intensos do Roberto, como subir na árvore do desejo que se rega em segredo, meu medo, meu medo.

O caderno de arte aberto junto a cabeça da mulher cheia de cobras, não “Cabeças Cortadas” (1970) de Glauber Rocha, mas “Cabeça de Medusa”, (foto) de Caravaggio, pois só o tempo radiografa o que sentimos e aprendemos.

Vamos celebrando bons momentos, até que a vida nos mostre a volta da delicadeza, eu vou.

Com este céu que nos protege, o grato convívio com alguns outros nas noites do Rio, com tudo o que ouvimos, na resposta que nos move, que nos toca a pele, dos sonhos semelhantes e analogias de um guizo, como se eu acordasse todo dia e olhasse para o Corcovado.

Peço desculpas, é terrível estar escrevendo rápido nas entranhas do computador, mas às vezes, gravo confissões no gravador.

Kapetadas

1 – Meu coração é um bar vazio tocando Belchior.
2 – Se o dinheiro tivesse realmente algum valor não comprava coisas inúteis.
3- Som na caixa: “Eu não peço desculpa/E nem peço perdão/Não, não é minha culpa/Essa minha obsessão”, Jorge Mautner

* Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Portal MaisPB