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Francisco Leite Duarte é Advogado tributarista, Auditor-fiscal da Receita Federal (aposentado), Professor de Direito Tributário e Administrativo na Universidade Estadual da Paraíba, Mestre em Direito econômico, Doutor em direitos humanos e desenvolvimento e Escritor. Foi Prêmio estadual de educação fiscal ( 2019) e Prêmio Nacional de educação fiscal em 2016 e 2019. Tem várias publicações no Direito Tributário, com destaque para o seu Direito Tributário: Teoria e prática (Revista dos tribunais, já na 4 edição). Na Literatura publicou dois romances “A vovó é louca” e “O Pequeno Davi”. Publicou, igualmente, uma coletânea de contos chamada “Crimes de agosto”, um livro de memórias ( “Os longos olhos da espera”), e dois livros de crônicas: “Nos tempos do capitão” …

Um bicentenário brochante

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publicado em 09/09/2022 às 07h00
atualizado em 08/09/2022 às 15h53

Quando o Presidente do Brasil, na comemoração do bicentenário da independência, elogiou, na frente de uma esposa constrangida, como “imbrochável” o seu desempenho sexual, eu tive certeza que aquilo, o elogio, nas condições como se deu,  era a mais pura ficção.

Um dia de pesadelo. Só os pesadelos se combinam com tanto destempero, irresponsabilidade, desatino, violência contra um país e o seu povo.

Em verdade, estivemos diante de um sequestro das comemorações do sete de setembro. A apropriação dos símbolos de uma nação, sobretudo por facção política que governa o país, é algo intolerável por quaisquer perspectivas consideradas.

Mas se o tom elogioso ao próprio “brochonaro” e a apropriação do ato cívico como campanha eleitoral não fossem o bastante par considerar  tais atitudes como uma das mais vergonhosas da República, é triste saber que teve muito mais estripulias presidenciais.

Sim, uma ofensa das mais abusivas contra as mulheres. Ao recomendar aos seus seguidores que busquem casar com uma princesa, comparando a sua esposa com as dos demais candidatos, o presidente escancara mais uma vez o seu machismo e preconceito, uma vergonha perpetrada na presença do Presidente de Portugal que se contorcia da vergonha alheia.

Pela via da institucionalidade, a solidão do poder era evidente. Em um ato de tamanha envergadura cívica, não havia ali representante da alta cúpula do Poder Judiciário, do Senado e, sequer, da Câmara dos deputados, cujo presidente – o da Câmara – usa e abusa do poder de proteger de um impeachment o “thuthuca” do centrão.

Mas, não se pode dizer que o comício do candidato tenha flopado. A turba de alucinados (boa parte dela), portando cartazes contra as instituições da República, expunha ali toda a sua ignorância, ou mau caráter, além do que, ladeando o Presidente, estava um periquito com cara de papacu, a que todos chamam “veio da Havan”, um desses empresários acusados de financiar atos golpistas contra o Estado democrático de direito.

Tudo constrangedor, ilegal e brochante. Uma lástima.

@professorchicoleite

* Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Portal MaisPB

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