João Pessoa, 11 de setembro de 2022 | --ºC / --ºC Dólar - Euro
Não tenha vergonha de receber um presente de alguém, nunca ache que você não merece ouvir um elogio de um amigo ou de qualquer passante. Agora, revide a mínima tentativa de te colocar para baixo. Eu tenho um amigo que a vida foi lutar contra a cintura, sim, em tempos de extrema felicidade ele vestia G. Mas da última vez que o encontrei andava vestindo 44, partindo para o GG e mais uma vez convalescia de baixa autoestima! Ele sempre disse que foi um cheinho feliz, mas as pessoas que começaram a encher a cabeça dele de defeitos que ele apelidara de minhocas felpudas. Começou a evitar o espelho! Conta-se que sempre jogou volley na infância, futebol na adolescência e depois de adulto se tornou um exímio dançarino. Para afastar a gordofobia que lhe rondava, procurou ser melhor na escola, nos livros, na matemática, gramática, etc. Era tudo mecanismo de defesa.
Toda relação de amizade e namoro era pautada no menino que sorria por tudo, pois não podia contrariar ninguém, já que internalizava tudo e acreditava ter um defeito robusto que não o deixava emagrecer e, portanto, pertencer aos padrões da época. Henrique tinha problema com os pais, principalmente com o pai, seu maior influenciador de dietas rigorosas, de receitas milagrosas, de pílulas emagrecedoras, chás abençoados, jejuns intermitentes, cirurgias desconcertantes e lipos constrangedoras; na última, seu umbigo ficou torto, mas seu pai novamente prometeu uma cirurgia reparadora, ou seja, seu pai era seu algoz, ou na linguagem midiática digital, um “bad influencer”.
A busca da padronização foi deixando Henrique cada vez mais magro, só que de intelecto. Seu cérebro definhava a cada “googleada” de novas descobertas científicas da indústria farmacêutica enviada de alguém que o conhecia mais profundamente e assim sua história foi virando estatística. Quer saber mais sobre o Henrique? Não é mais possível! Henrique se jogou já faz quatro anos de seu belo apartamento com vista para a exuberante ponte antiga de Florianópolis. Há quem sustente que nos libertemos de toda palavra que nos engana, mas palavras amargas ferem e depois de feridos e magoados, adoecemos. Aqui segue um alerta para o Setembro amarelo, acredite que você é capaz, que o limite só existe na cabeça dos outros, pois o que vale hoje é o elogio de valor que te leva pra cima e te apresenta um mundo possível!
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OPINIÃO - 22/11/2024