João Pessoa, 17 de setembro de 2022 | --ºC / --ºC Dólar - Euro
Vem cá, vocês acreditam nos grandes prêmios pagos pelas loterias aqui no Brasil? Estou falando da mega sena e de suas irmãs menores; dupla sena, quina, dia de sorte, super sete, loto fácil… . Imaginem um sortudo que acertou na mega sena sozinho, prêmio acumulado há muito tempo. Contemplado com um valor abarrotado de zeros, sua identidade jamais é revelada obviamente por motivos de segurança dele próprio. Até aí eu aceito o que se põe ao público.
A minha questão não diz respeito à operadora dos sorteios, mas ao ser humano. Será crível que uma pessoa deixe de demonstrar essa sorte através da mudança brusca de padrões de comportamento? Será que seus parentes, seus vizinhos, seus amigos, todos que o cercam, não notarão a compra de um automóvel de luxo, viagens e até mesmo a mudança de endereço para um local mais sofisticado? Agora me digam; afora as raríssimas exceções da regra, nos últimos muitos anos vocês têm notícia de alguém que conheça um desses novos milionários?
Obviamente não sou tão maluco ao ponto de acusar quem quer que seja de manipular resultados, mas insisto no ponto; a mudança de comportamento daqueles que subitamente veem seus bolsos preenchidos por milhões de reais. Um amigo dizia que dinheiro deixa mais rastro do que trator de esteira na beira mar. Tal como tosse e paixão ninguém consegue esconder por muito tempo.
Mesmo com essa fundada dúvida jamais deixei de fazer uma única aposta. Sou daqueles que jogam o mínimo possível porque acredito que se Deus quiser ajudar não será com mais números jogados que minha sorte chegará. Gasto exatos 304 reais a cada mês e por esse preço desfruto de sonhos fantásticos; o que farei quando receber a grana. Já mudei muitas vezes de ideia. Já pensei em comprar uma passagem aérea só de ida, para viver o resto da vida ao redor do mundo. Também pensei em contratar uns ciganos para dar umas surras nuns cabras de peia. Pensei até em usar todo o dinheiro para melhorar as quentinhas que o Padre Zé, maravilhosamente, distribui aos carentes. Sobre essa ideia um amigo riu e disse: “- Marcão, Deus não é besta não. Tu achas que ele vai acreditar?”. Uma amiga aconselhou-me a usar o prêmio para comprar fofocas, quanto mais cabeludas mais caras.
Na verdade eu acredito que Deus está apenas esperando que eu tenha a ideia perfeita para só então me contemplar. Por isso é que não paro de jogar. Estou naquela situação: não acredito nos prêmios milionários das loterias, mas que eles existem, existem.
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OPINIÃO - 22/11/2024