João Pessoa, 25 de setembro de 2022 | --ºC / --ºC Dólar - Euro
Que nada, falei pro moço na fila do pão.
Não há nada mais “fofoquento” que a fila do pão, cadeira do fazer cabelo e o apontar das unhas.
A discussão era em torno de como ainda éramos arcaicos.
O século passado ainda nos domina com resquícios de antes da revolução industrial.
Eu apenas perguntei se aquela era a fila para pegar, pagar, ou do “delivery”.
Na verdade, ele mais novo que eu estava a comprar pão com moedas em uma fila estratosférica! Há algo mais arcaico que ir comprar pão numa padaria a pé, com moedas no bolso e ainda de havaianas da primeira modalidade, aquelas azuis, tipo caixão de anjinho e branco sujo, ainda mais enfrentando fila?
Eu já tinha feito a reserva pelo aplicativo, ele não, e eu estava ali só para pegar meu pacote, ele não, eu tinha feito tudo via celular, ele não, eu paguei via pix, ele não.
O mundo de hoje não permite mais delongas, os desavisados estão a perder tempo demais!
Se você não está no celular, você está fadado a ser passado para trás, em todas as esferas. Atente-se, eu falei todas. Todas as profissões estão se desenvolvendo através do tráfego.
Desde a clausura de significativa parte da população mundial em suas residências, foi genuíno o aumento da demanda na Internet. Seja para quem ainda trabalha remotamente no chamado “home office”, seja para os que, com mais tempo disponível, buscam entretenimento, aumentando em até 80% o consumo de serviços de streaming de vídeos, conversas, séries, sexo, conferências, filmes, e, o incansável embate online dos videogamers. Os gamers estão tão em alta que há uma febre de cadeiras ergonômicas à venda no mercado. Sem contar as pesquisas, as compras, nunca se consumiu tanto via internet, são livros, músicas, perfumes, roupas, acessórios e comida, tudo, tudo mesmo dependendo do bendito tráfego.
Os números do tráfego mundial são impressionantes, você que lê está crônica é apenas um grão de areia na via láctea desse vasto mundo de mais de 3 bilhões de usuários, do bisneto à bisavó, todo mundo está lá e faz parte de algum modo do imenso número de surfistas da internet no mundo, ou faz parte entrando em algum website, ou através dos e-mails enviados e recebidos hoje, ou do seu último “click” da rede social, ou na transação bancária e muito mais. O moço da fila disse que prefere ficar de fora, mas pediu meu WhatsApp e entrou sem querer na estatística, tadinho. Não há como fugir! Tchau, acenei pra ele que ainda continuava esperando o pão e eu já havia saído com meu pacote pronto!
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OPINIÃO - 22/11/2024