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É formado em Direito pela UFPB e exerce funções dedicadas à Cultura desde o ano de 1999. Trabalhou com teatro e produção nas diversas áreas da Cultura, tendo realizado trabalhos importantes com nomes bastante conhecidos, tais como, Dercy Golcalves, Maria Bethania, Bibi Ferreira, Gal Costa, Elisa Lucinda, Nelson Sargento, Beth Carvalho, Beth Goulart, Alcione, Maria Gadu, Marina Lima, Angela Maria, Michel Bercovitch, Domingos de Oliveira e Dzi Croquettes. Dedica-se ao projeto “100 Crônicas” tendo publicado 100 Crônicas de Pandemia, em 2020, e lancará em breve seu mais recente título: 100 Crônicas da Segunda Onda.

Não ao tráfico, sim ao tráfego

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publicado em 25/09/2022 ás 09h26
atualizado em 25/09/2022 ás 09h28

Que nada, falei pro moço na fila do pão. 

Não há nada mais “fofoquento” que a fila do pão, cadeira do fazer cabelo e o apontar das unhas. 

A discussão era em torno de como ainda éramos arcaicos.

O século passado ainda nos domina com resquícios de antes da revolução industrial. 

Eu apenas perguntei se aquela era a fila para pegar, pagar, ou do “delivery”.

Na verdade, ele mais novo que eu estava a comprar pão com moedas em uma fila estratosférica! Há algo mais arcaico que ir comprar pão numa padaria a pé, com moedas no bolso e ainda de havaianas da primeira modalidade, aquelas azuis, tipo caixão de anjinho e branco sujo, ainda mais enfrentando fila? 

Eu já tinha feito a reserva pelo aplicativo, ele não, e eu estava ali só para pegar meu pacote, ele não, eu tinha feito tudo via celular, ele não, eu paguei via pix, ele não. 

O mundo de hoje não permite mais delongas, os desavisados estão a perder tempo demais! 

Se você não está no celular, você está fadado a ser passado para trás, em todas as esferas. Atente-se, eu falei todas. Todas as profissões estão se desenvolvendo através do tráfego. 

Desde a clausura de significativa parte da população mundial em suas residências, foi genuíno o aumento da demanda na Internet. Seja para quem ainda trabalha remotamente no chamado “home office”, seja para os que, com mais tempo disponível, buscam entretenimento, aumentando em até 80% o consumo de serviços de streaming de vídeos, conversas, séries, sexo, conferências, filmes, e, o incansável embate online dos videogamers. Os gamers estão tão em alta que há uma febre de cadeiras ergonômicas à venda no mercado. Sem contar as pesquisas, as compras, nunca se consumiu tanto via internet, são livros, músicas, perfumes, roupas, acessórios e comida, tudo, tudo mesmo dependendo do bendito tráfego. 

Os números do tráfego mundial são impressionantes, você que lê está crônica é apenas um grão de areia na via láctea desse vasto mundo de mais de 3 bilhões de usuários, do bisneto à bisavó, todo mundo está lá e faz parte de algum modo do imenso número de surfistas da internet no mundo, ou faz parte entrando em algum website, ou através dos e-mails enviados e recebidos hoje, ou do seu último “click” da rede social, ou na transação bancária e muito mais. O moço da fila disse que prefere ficar de fora, mas pediu meu WhatsApp e entrou sem querer na estatística, tadinho. Não há como fugir! Tchau, acenei pra ele que ainda continuava esperando o pão e eu já havia saído com meu pacote pronto! 

* Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Portal MaisPB

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