João Pessoa, 03 de outubro de 2022 | --ºC / --ºC Dólar - Euro
Ela quis pintar uma tela. Tratou de pegar os pincéis e tintas, as mais variadas.
Seria uma tela muito colorida e ficaria exposta numa galeria onde muitas pessoas poderiam admirá-la.
Ela queria, então, que sua tela mudasse as pessoas, que quando a vissem pudessem receber um pouco da luz que ela mesma possuía.
Começou a trabalhar.
Azul. Ela amava o azul. Era sereno, tranquilo. Cor de céu, cor de mar. Cairia bem, perto do amarelo, que é um pouco mais agitado e alegre. Juntos, trariam um certo equilíbrio à pintura.
Mas a tela estava um pouco fria… faltava calor, emoção. Então, ela lembrou-se do vermelho. A imponência, a paixão, o fogo dele não poderiam ficar de fora.
Agora sim, ela olhava para a tela e via aquela festa de cores aguçar todos os seus sentidos. Mas, ainda faltava algo. Ou talvez sobrasse, ela já não sabia a esta altura. Talvez tenha pesado a mão. Estava tudo muito agitado.
Ah… faltava ele, o verde, ele sim traria de volta a paz e a serenidade necessárias à tela. Uma pincelada aqui, outra ali…
Ainda não estava bom. E ela foi acrescentado tinta.
De repente, notou que o que antes era uma festa de cores, agora era uma tela cinza.
Aquilo estava longe de ser o que ela imaginou. E não havia como voltar atrás. Ela chorou.
Olhou para o seu trabalho e viu um todo sem nenhum significado. Não remetia a nada.
Já não poderia mais expor sua arte. Como era ruim a sensação de não poder se expressar!
Quis aposentar os pincéis. Achou que perdeu o jeito. Talvez aquilo não fosse mais para ela.
Mas, lá no cantinho da sala, escondida entre outras telas já pintadas e pincéis, e tecidos, e tantas outras coisas, ela encontrou uma tela em branco. Um branco que reluzia pra ela como um farol no meio da noite reluz, orientando o caminho.
Ela tinha que tentar mais uma vez.
Pegou a tela, os pincéis, as tintas.
E está pintando.
Não terminou ainda.
Está indo devagar.
Tem medo.
Ainda chora achando que não vai conseguir.
Mas pinta.
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VÍDEO - 14/11/2024