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Jornalista paraibano, sertanejo que migrou para a capital em 1975. Começou a carreira  no final da década de 70 escrevendo no Jornal O Norte, depois O Momento e Correio da Paraíba. Trabalha da redação de comunicação do TJPB e mantém uma coluna aos domingos no jornal A União. Vive cercado de livros, filmes e discos. É casado com a chef Francis Córdula e pai de Vítor. E-mail: [email protected]

Lídimo olhar

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publicado em 04/10/2022 ás 07h00
atualizado em 03/10/2022 ás 21h23

Nada é por acaso. Talvez uma reação comum, quando apresentamos uma interpretação de algum texto e lá vem a pergunta: “mas será que você pensou mesmo nisso?”.

Acho estranho, para ser educado, é um tipo de negação da própria surpresa, do espanto ao estilo, da confiança na potência criativa. Eu escrevo tanto que não sei se penso antes ou durante. Talvez, depois.

Antes de entregar-se a coragem, é melhor armar-se de desconfiança: sim, eu sou desconfiado. Sou mesmo? Mas em que mesmo a desconfiança ou a comprovação de uma coisa impossível, que é já possível também de acontecer? Nada acontece por acaso.

Uma atriz olhou para mim e ali eu senti a felicidade voltando, mas eu não sei explicar, nem sei escrever sobre esse momento, essa representação.

Eu sei que o amor não pega assim, tão de repente, mas somos vulneráveis de algo que não teria pensado, não precisa pensar, no que poderia modificar o espanto interpretativo do olhar. Não sei.

É preciso saber no que reside a superioridade de achar que, caso o outro não tenha pensado nesse efeito, o olhar de outra pessoa passa a ser, penso, uma espécie rara. A vida é tão rara.

O fetichismo hábil da presença, a tua presença como resistir, como ceder é difícil e acreditem, pensem nas interpretações, se elas lhes parecerem convincentes, garanto que a atriz é mais feliz na confiança do lídimo  e intencional olhar.

Eu não gosto mais de muita gente, alguns me lembram arame farpado, pneus carecas nas valas, idiotas de monte.

Nada é por acaso.

Politicamente correto é caretice, obsessão por feedback é caretice. Deixa a vida nos levar que é melhor, bem melhor.

Kapetadas

1 – Esse é meu jeito (insuportável) de ser.

2 – É muito ruim guardar as coisas pra si. Aqui dentro tem uma tempestade, onde só eu ouço as trovoadas.

3 – Com tanta criatura horripilante eleita, eu concluo que a festa da democracia tá mais pra Halloween

4 – Som na caixa: “Eu quero ir-me embora/Eu quero é dar o fora/E quero que você venha comigo”, CV.

* Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Portal MaisPB