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Magistrado, colaborador do Diário de Pernambuco, leitor semiótico, vivendo num mundo de discos, livros e livre pensar. E-mail: [email protected]

Deontologia da maledicência

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publicado em 06/10/2022 às 07h29

Na eterna guerra do bem contra o mal em todos os níveis e quadrantes, os contendores costumam lançar mão dos mais variados meios e recursos de combate.

No amistoso convívio social em que a pacificidade deveria pairar absoluta, não deixa de ser diferente. Tal qual vírus incubado, a maledicência permanece à espreita do momento oportuno para eclodir.

Somos sempre cautelosos e prudentes ao defrontarmo-nos com o inimigo, pois como o reconhecemos e diante de tamanha precaução não chega a incomodar, permanecendo macambúzio. O maledicente é o oposto. Figura presente no nosso dia a dia, personifica o solidário dos momentos difíceis, mas se martiriza e se corrói ante o sucesso alheio. Sai sorrateiro serpenteando seu veneno e buscando camuflar sua inveja.

Dos sete pecados plenos, a inveja é o único que ninguém admite cometer. O jornalista, escritor e também imortal da Academia Brasileira de Letras, Zuenir Ventura (foto), concluiu que: “O ódio espuma. A preguiça se derrama. A gula engorda. A avareza acumula. A luxúria se oferece. O orgulho brilha. Só a inveja se esconde.”

Com seu alto poder corrosivo, a inveja não consegue passar incólume. Os olhos do maledicente não brilham, enxergam de soslaio enquanto seu coração se deprime por não aceitar a felicidade dos outros. Ao contrário do bajulador que às escancaras pratica seu desprezível ofício buscando emergir ou passar bem, o invejoso não aceita prosperidade, projeção social ou profissional que não seja a sua. É lamentável, mas estamos rodeados desses personagens, quer na vizinhança, na família ou no trabalho.

A exemplo da bajulação, a maledicência se faz presente em todos os segmentos da atividade social, mas atua de forma nociva, às costas. Difere do ciúme e da cobiça. É disseminada por pessoas que procuram parecer amigas. Nélson Rodrigues alertou “Certo tipo de amigo trai na primeira esquina. Ao passo que o inimigo não trai nunca. O inimigo é o que vai cuspir na cova da gente”.

Mas, como dizem que para olho gordo existe colírio diet, recomendo que o maledicente faça uma lipoaspiração na alma e viva feliz com a leveza do seu espírito.

* Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Portal MaisPB

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