Pensar que quase a metade dos eleitores votantes no primeiro turno das eleições ocorridas no início de outubro votou em favor de um projeto reacionário, misógino, racista, homofóbico, excludente e assentado em uma pauta moral e religiosa, cuja base é um cristianismo deturpado, sugere o pensamento de que isso não tem o menor sentido.

Mas tem. Todo o sentido que o inferno tem é o sentido que ele precisa ter. Não se pode admitir que isto seja apenas a mais pura e triste alienação, afinal nada mais com sentido do que as alienações, desde que a falta de sentido é um sentido pleno.

Neste caso, um sentido triste e perigoso, daqueles que poderão alçar a sociedade brasileira às labaredas ardentes do inferno. Fico imaginando o mal que essa gente bem eleita, bem letrada ou não, e  catapultada por esse sentimento de ódio, hipocrisia, oportunismo religioso e prenhe da concupiscência das razões da grana e da avareza, pode fazer.

Os quatro anos de governo Bolsonaro foi pródigo de sinais. Minto. Evidências já batidas, por demais contadas, por demais expostas, por demais deturpadas por mentiras segundo o império das conveniências governamentais, tudo com o prego de ponta batida e virada pelo sigilo de cem anos. Pensemos no que pode vir.

Já fomos avisados pelo próprio candidato. Se esse projeto for o eleito, com essa bancada da bala, do boi e da bíblia que lhe apoia, uma das primeiras coisas que buscarão alterar, via emenda constitucional, é a composição do STF, de modo que a Suprema Corte se torne um carneirinho, com o rabo dentro das pernas dominando por um governo com a mesma cara do governo venezuelano, o que ele tanto teme de mentirinha.

Não somente isso. Convocarão uma Assembleia constituinte. Rasgarão a Constituição democrática de 1988, destruirão os direitos individuais e sociais e não duvidem se não criarem uma milícia moralista e religiosa, comandada pela Damares, (foto) à doida da goiabeira,  à maneira dos talibãs.

Pois é, estamos no purgatório, mas o juízo final está chegando. Cuidem-se.

@professorchicoleite

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