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Jornalista paraibano, sertanejo que migrou para a capital em 1975. Começou a carreira  no final da década de 70 escrevendo no Jornal O Norte, depois O Momento e Correio da Paraíba. Trabalha da redação de comunicação do TJPB e mantém uma coluna aos domingos no jornal A União. Vive cercado de livros, filmes e discos. É casado com a chef Francis Córdula e pai de Vítor. E-mail: [email protected]

Apolo e Dafne

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publicado em 15/10/2022 às 07h00
atualizado em 15/10/2022 às 05h46

Nunca esqueci a história de Apolo e Dafne, ele o mais belo dos deuses, senhor das artes e da música.  Apolo se vangloriava dizendo para Cupido, o pequeno deus do amor, que suas flechas eram mais poderosas do que aquelas do pequeno deus.

Cupido deu o troco. Lançou uma flecha com ouro na ponta, no coração de Apolo, gerando a paixão dele por Dafne, uma bela ninfa. Em Dafne, Cupido lançou uma flecha com chumbo na ponta, gerando a repulsão por Apolo.

A história se repete.

Apolo apaixonadíssimo persegue a amada que foge dele, até que ela pediu a seu pai para que lhe mudasse sua forma e Dafne virou uma planta – o loureiro.  Essa história está bem desenhada nas obras de arte de diversos pintores e escultores do mundo.

A história se repete

“Nunca fui ao cinema, não gosto de samba”. #jobim

Experimentei, tantas vezes, o sim e o não, o talvez. Até o inusitado. Nunca o mitológico.

O inesperado no passado me fez uma visita e sumiu sem deixar rastro. Se pelo menos tivesse virado uma planta, aí eu mudaria de lugar.

Alguém cujo o aroma de Dafne, ficou em mim.

Me vi adolescente. Acho que fui iludido, quando não devia, afinal, sou um velho.

Cheguei até a cantar, não cantar do jeito estupido, mas do jeito de se fazer (en)cantar.

Os sabores ficaram na minha boca que à boca concedi, não uma meia boca.

Me senti um dos incontáveis. Pra que tantos quereres, se já tenho o mar que nesse tempo é mais azul?

Por mero capricho dos deuses ou das regras, nenhum Apolo ou Dafne sobreviveram à implacável raiz que o amor exige.

Nada resiste às leis que a própria vida nos impõe. A vida é real e de viés como canta Caetano Veloso.

E o que mais? A história se repete.

Kapetadas

1 – Depois que percebi que o poder de mudança está, não em cima do que acontece, mas em como eu lido com o que acontece, minha vida nunca mais foi a mesma.

2 – Existe um mantra que eu adotei e levo pra vida: “Ninguém liga”. Recomendo, apesar que ninguém liga.

3 – Som na caixa: “Pela luz dos olhos teus/Eu acho, meu amor, que só se pode achar”, Jobim

Ilustração

Apolo e Dafne é uma das esculturas mais famosas de Gian Lorenzo Bernini (1598 – 1680), grande escultor do barroco italiano. A escultura, feita de mármore e em tamanho real, encontra-se na Galleria Borghese, Roma, Itália.

* Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Portal MaisPB

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