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Jornalista paraibano, sertanejo que migrou para a capital em 1975. Começou a carreira  no final da década de 70 escrevendo no Jornal O Norte, depois O Momento e Correio da Paraíba. Trabalha da redação de comunicação do TJPB e mantém uma coluna aos domingos no jornal A União. Vive cercado de livros, filmes e discos. É casado com a chef Francis Córdula e pai de Vítor. E-mail: [email protected]

Só danço samba

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publicado em 18/10/2022 às 07h00
atualizado em 18/10/2022 às 13h28

Eu li que o samba surgiu no começo do século XX e é uma influência da cultura africana em nosso país. E tem uma ligação com as rodas de dança que os negros escravizados realizavam nos seus poucos momentos livres. É muito triste pensar que os negros foram muito castigados em nosso país.

Mas se o samba vem das rodas, que eram puxadas por um ritmo musical obtido por meio dos batuques, e isso a gente deve aos negros, “o samba é o pai do prazer, o samba é o filho da dor”, como está na canção de Caetano Veloso. O samba só pode ser algo transformador como o compositor deseja.

Na entrevista que fiz a semana passada com os baianos Antônio Carlos & Jocafi, publicada aqui no MaisPB, numa das respostas sobre a origem do samba, Jofaci cita Tia Ciata, pioneira desse ritmo, em Santo Amaro da Purificação, que foi ela quem levou o samba para o Rio de Janeiro. Eu nunca tinha ouvido falar nas Ciatas.

Mandei a entrevista por imêio para Caetano Veloso, que explicou: “As Ciatas pra trazerem o samba pro Rio…”, de minha Onde O Rio É Mais Baiano. Tia Ciata é a referência central do nascimento do samba carioca. Sei disso desde menino e só vim a saber que ela era santamarense mais tarde”.

Não costumo divulgar os imêios trocados com ninguém, mas achei importante o esclarecimento.

Minha mãe dizia que tal pessoa quando estava muito triste era “um samba acabado” , que só fui entender bem mais tarde. Para ela, o samba era um coisa alegre e isso se estendia as pessoas que gostavam de sambar, mas às vezes se entristeciam. Só danço samba.

Serve-me bem uma vida sambando, posso até ficar quieto, mas meu coração ainda samba. É lindo a coisa do prato, que Moreno Veloso toca que vem de Dona Edite.

Estamos cansados desse tempo a buscar mudanças, de certo um samba nos animará no amanhecer. Que tal um samba, Chico Buarque?

Acho que o samba nos iguala a qualquer música do mundo, a força que vem do barro do chão  também, que é o baião.

A carne está no samba, os prazeres e mais e mais palavras.

Sem samba não dá, né Caetano?

Kapetadas

1 – Nosso povo tem dois grandes inimigos: um, óbvio, é a falta de memória, o outro me esqueci.

2 – É um grande erro comparar o país com hospício: num hospício não enlouquecem uns aos outros.

3 – Ilustração: Casa de Tia Ciata, no Rio

* Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Portal MaisPB

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