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Francisco Leite Duarte é Advogado tributarista, Auditor-fiscal da Receita Federal (aposentado), Professor de Direito Tributário e Administrativo na Universidade Estadual da Paraíba, Mestre em Direito econômico, Doutor em direitos humanos e desenvolvimento e Escritor. Foi Prêmio estadual de educação fiscal ( 2019) e Prêmio Nacional de educação fiscal em 2016 e 2019. Tem várias publicações no Direito Tributário, com destaque para o seu Direito Tributário: Teoria e prática (Revista dos tribunais, já na 4 edição). Na Literatura publicou dois romances “A vovó é louca” e “O Pequeno Davi”. Publicou, igualmente, uma coletânea de contos chamada “Crimes de agosto”, um livro de memórias ( “Os longos olhos da espera”), e dois livros de crônicas: “Nos tempos do capitão” …

A arena do Golias

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publicado em 21/10/2022 às 07h00
atualizado em 20/10/2022 às 14h04

Dizia-se que, em duas situações, pobre se igualaria a rico no Brasil: na hora da morte e na hora de votar. Mentira, mas havia o conforto de saber que, alguma vez,  a patuleia posicionava-se, ainda que em tese, em isonomia com os glutões do capitalismo.

Pois, faltando dez dias para eleições presidenciais, o pobre, mais uma vez, entra pelo cano azeitado dos poderosos. É assediado por todos os lados. Se ainda lhe restar esperança de ser igual à elite do país, que seja apenas como defunto, mas ainda assim com diferenças em certos penduricalhos.

Vejamos:

Assédio das igrejas evangélicas que se transformaram em palanques de Bolsonaro. Pastores ensandecidos transformaram os templos em palcos de comícios, orações em ameaças, crentes babando ódio, invadindo igrejas católicas e atacando bispos e padres que criticam a fome no país;

Assédio das fake News produzidas pelo gabinete do ódio financiadas por representantes das bancadas do boi, da bala e da bíblica e catapultadas nos esgotos das redes sociais, cheias de mentira, malícia, engodo e crime;

Assédio dos patrões. Uma rede de empregadores organizada nacionalmente chantageia, ameaça os empregados, exige-lhes a devoção do voto, sob pena de perderem os seus empregos. É a volta do voto de cabresto, um crime eleitoral que sequestra a liberdade do trabalhador achacando a democracia;

E o pior dos assédios: o do próprio Estado. As instituições da república foram capturadas. Em pleno período eleitoral, a compra do voto é institucionalizada com a concessão de auxílios diferenciados, ou com a antecipação deles, empréstimos consignados, derrame de dinheiro via orçamento secreto, tudo sem responsabilidade de presente e de futuro.

As instituições que resistem são poucas. A institucionalidade que lhes norteia impossibilita combater um inimigo em tempo real e que está presente dentro das suas próprias estruturas; um inimigo que que não tem limites, normas, moralidade, por isso sempre está dois passos à frente, galopando em suas vestes pseudo-patrióticas o sequestro que fizeram do país.

Nesse teflon de riscado triste, nem as denúncias mais escabrosas pegam. Todos estão abduzidos pela inanição de pensamento e pelo medo do tamanho cavalar do Leviatã. Não veem que esse país beira o abismo com os Poderes Legislativo e Judiciário prostrados aos pés de um projeto autoritário e pernicioso de poder.

Se não cabe duvidar  das urnas, que era apenas o bode plantado no meio da sala, não se pode dizer o mesmo das eleições: Já foram tungadas, sim!

@professorchicoleite

* Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Portal MaisPB