João Pessoa, 21 de outubro de 2022 | --ºC / --ºC Dólar - Euro
Dizia-se que, em duas situações, pobre se igualaria a rico no Brasil: na hora da morte e na hora de votar. Mentira, mas havia o conforto de saber que, alguma vez, a patuleia posicionava-se, ainda que em tese, em isonomia com os glutões do capitalismo.
Pois, faltando dez dias para eleições presidenciais, o pobre, mais uma vez, entra pelo cano azeitado dos poderosos. É assediado por todos os lados. Se ainda lhe restar esperança de ser igual à elite do país, que seja apenas como defunto, mas ainda assim com diferenças em certos penduricalhos.
Vejamos:
Assédio das igrejas evangélicas que se transformaram em palanques de Bolsonaro. Pastores ensandecidos transformaram os templos em palcos de comícios, orações em ameaças, crentes babando ódio, invadindo igrejas católicas e atacando bispos e padres que criticam a fome no país;
Assédio das fake News produzidas pelo gabinete do ódio financiadas por representantes das bancadas do boi, da bala e da bíblica e catapultadas nos esgotos das redes sociais, cheias de mentira, malícia, engodo e crime;
Assédio dos patrões. Uma rede de empregadores organizada nacionalmente chantageia, ameaça os empregados, exige-lhes a devoção do voto, sob pena de perderem os seus empregos. É a volta do voto de cabresto, um crime eleitoral que sequestra a liberdade do trabalhador achacando a democracia;
E o pior dos assédios: o do próprio Estado. As instituições da república foram capturadas. Em pleno período eleitoral, a compra do voto é institucionalizada com a concessão de auxílios diferenciados, ou com a antecipação deles, empréstimos consignados, derrame de dinheiro via orçamento secreto, tudo sem responsabilidade de presente e de futuro.
As instituições que resistem são poucas. A institucionalidade que lhes norteia impossibilita combater um inimigo em tempo real e que está presente dentro das suas próprias estruturas; um inimigo que que não tem limites, normas, moralidade, por isso sempre está dois passos à frente, galopando em suas vestes pseudo-patrióticas o sequestro que fizeram do país.
Nesse teflon de riscado triste, nem as denúncias mais escabrosas pegam. Todos estão abduzidos pela inanição de pensamento e pelo medo do tamanho cavalar do Leviatã. Não veem que esse país beira o abismo com os Poderes Legislativo e Judiciário prostrados aos pés de um projeto autoritário e pernicioso de poder.
Se não cabe duvidar das urnas, que era apenas o bode plantado no meio da sala, não se pode dizer o mesmo das eleições: Já foram tungadas, sim!
@professorchicoleite
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