João Pessoa, 28 de outubro de 2022 | --ºC / --ºC Dólar - Euro
Faltam dois dias para a realização do segundo turno das eleições presidenciais. As pesquisas apontam uma possibilidade real de o candidato da Coligação Brasil da Esperança vencer, embora, a cada dia, o candidato da extrema-direita exercite, com gula e irresponsabilidade, a extraordinária capacidade de usar e abusar da máquina pública, sem freios, em uma ousadia nunca antes vista neste país.
Dois cenários se abrem ao futuro do Brasil, ambos, em curto prazo, muito difíceis.
O primeiro, o mais provável — assim se espera — aponta para a libertação do Brasil do chefe da extrema-direita. Um cenário que encontrará um país arrasado: as instituições sequestradas, universidades sucateadas, institutos de pesquisas abandonados, a Amazônia pegando fogo, órgãos de fiscalização desestruturados, a violência normalizada, ações governamentais colocadas sob sigilo por cem nos, o que as coloca sob suspeição.
Não será fácil para o presidente eleito. O país continuará dividido, o bolsonarismo — acostumado com a balbúrdia, com a violência, com a orquestração de fake news, com o namoro com o fascismo — dificultará, ao máximo, a reconstrução do país. Há muito o que fazer, desde combatê-lo com as armas que a legalidade possibilita, até mesmo reagir com o exemplo democrático, os planos de desenvolvimento da nação e as construções de políticas públicas inclusivas.
O segundo cenário é tão aterrorizador, que é difícil imaginá-lo em extensão suportável. O zelo pelo autoritarismo, pela prepotência, pela exclusão social, pelo desrespeito às minorias, às mulheres, pelas pessoas pretas, pelos povos originários, pela comunidade LGBTQIA+, tudo isso será recrudescido, exponenciado pelo fascínio do fascismo, que tem a pretensão de aniquilar os seus opositores e corromper o Estado democrático de direito, saqueando as suas instituições.
Não é tão difícil imaginar o que pode surgir desse projeto de poder autoritário. Os privilégios para a caserna aprofundados, maximização de pauta moral, tribunais superiores dominados por magistrados alinhados com o governo, orçamentos mais do que secretos para incremento do dono do poder, fragilização dos mecanismos de defesa dos direitos e garantias individuais, recrudescimento das privatizações e do armamento da população, reforma administrativa contrária aos interesses do povo, instituições dominadas, estética política alinhada com discurso sexista, enfim, a instalação da Idade da Pedra Lascada no Brasil, um armagedon à brasileira.
Deus dos céus! Protegei-nos do mal, amém!
@professorchicoleite
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