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Francisco Leite Duarte é Advogado tributarista, Auditor-fiscal da Receita Federal (aposentado), Professor de Direito Tributário e Administrativo na Universidade Estadual da Paraíba, Mestre em Direito econômico, Doutor em direitos humanos e desenvolvimento e Escritor. Foi Prêmio estadual de educação fiscal ( 2019) e Prêmio Nacional de educação fiscal em 2016 e 2019. Tem várias publicações no Direito Tributário, com destaque para o seu Direito Tributário: Teoria e prática (Revista dos tribunais, já na 4 edição). Na Literatura publicou dois romances “A vovó é louca” e “O Pequeno Davi”. Publicou, igualmente, uma coletânea de contos chamada “Crimes de agosto”, um livro de memórias ( “Os longos olhos da espera”), e dois livros de crônicas: “Nos tempos do capitão” …

Todas as tempestades passam

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publicado em 04/11/2022 às 07h00
atualizado em 03/11/2022 às 17h14

Todas as tempestades passam, mesmo aquelas que demoram quatro anos. Quando as tempestades se vão, há de se recolher o choro e dele tirar forças para construir as bonanças que se avizinham; assenhorar-se das dores, não para tê-las como referências de passado estendido, mas para a aprendizagem de construção de futuro; varrer o chão encharcado, averiguar as pontes que estão em pé, as que estão avariadas mas que ainda servem de passagem; colher o silêncio e dele retirar o sumo das lições não aprendidas no barulho da violência e, se tiver um tempinho, olhar para a lua, talvez, em um céu de renovadas nuvens, ela sacuda suas anáguas soprando a esperança sobre a terra. Muitas vezes é somente a esperança que existe.

Todas as tempestades se vão, mesmo aquelas que demoram quatro anos. Quando as tempestades se evaporam, há de se lembrar que elas têm causas e reticências; as causas, são parâmetros de futuro, hão de servir de aprendizagem; as reticências exigem a sagacidade das boas ponderações, pois dentro delas as  imponderações estão armadas.

Todas as tempestades são passageiras. Quando as tempestades dizem adeus, um novo estado exige soluções  necessárias e firmes. Deixar no passado a arrogância e a truculência; recompor as legalidades das trovoadas mal sucedidas; pôr a ordem no caminho da democracia vilipendiada; auscultar o pulsar das necessidades mais prementes e reconstruir a nação sob o império da boa vontade e da compreensão.

E apurar os crimes. Tempestades afoitas deixam um rastro de crimes; crimes não punidos são como as sementes de ervas daninhas, logo renascem, se revigoram, se alastram e formam novas nuvens perigosas em formação de novas ou renovadas tempestades de granizo. Deixemos isso com a lei; a lei é boa conselheira para os desordeiros e criminosos.

No mais, comemorar o tempo, este senhor da razão, baluarte das ressignificações, o pai de todas as esperanças e quanto àqueles que se vestem de luto pelo morrer das tempestades, nada há de se fazer; esperar que engulam o choro nem que sejam enrolados numa bandeira verde amarela que até pouco fediam a catarro e ranço.

No mais, a constituição é como a esperança: têm vida e existe com mais de quatro linhas. Quem tem juízo, aprende a ler a vida com galhardia e apreço. Viva a democracia!

@professorchicoleite

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