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Jornalista paraibano, sertanejo que migrou para a capital em 1975. Começou a carreira  no final da década de 70 escrevendo no Jornal O Norte, depois O Momento e Correio da Paraíba. Trabalha da redação de comunicação do TJPB e mantém uma coluna aos domingos no jornal A União. Vive cercado de livros, filmes e discos. É casado com a chef Francis Córdula e pai de Vítor. E-mail: [email protected]

Nós inventamos a noite 

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publicado em 19/11/2022 às 07h00
atualizado em 22/11/2022 às 07h40

Nós inventamos tudo. Ou quase. A madrugada é mais clara e mais rápida, mas é na noite que nos enfeitamos ou  nos vestimos para dormir. É tão bom dormir, tão bom acordar.

O amanhecer é outra viagem, é cheio de curvas, sinais, confusões mentais. A noite é nua por natureza.

Inventamos a noite porque há noites imensas para sonharmos.

E se inventamos a noite, passamos pelas tardes que são colossais, tardes quentes em que os corpos se atraem pelo cheio um do outro, que nos deixa louco e nunca tanto faz.

Outra noite, vendo uma série amorosa, lembrei de Farrah Fawcett, (foto) a mais bela das “Panteras” dos seriados de tevê, que sumira antes de morrer em 2009. Ela era tão linda e eu tão jovem. Teria feito 75 anos em janeiro.

Eu olho para a beleza de Germana Parente, uma beleza permanente, arquiteta, artista, nos fios de seda, plataformas de uma delicadeza sem igual, uma moça que já é avó, cuja presença é cultuada pelo olhar de Sávio Parente e o amor reflete nos olhos dela. Ela é tão bonita…

Nem a agonia do relógio consegue frear minha prosa, quando vou depressa para Catende, “vou danado pra Catende, vou danado pra Catende, com vontade de chegar”.  Catende é melhor que Pasárgada, o rei de Catende gosta de música. Vou depressa, vou depressa.

Sexo é bom e nos acalma.

Também é bom dormir com a lucidez.

Quando era noite na Varanda, nós voltamos a inventá-la, desafiando o tempo, mas esse tempo passou.

Nós homens e nossos cavalos, cavalgamos até fora de hora, nos vários chãos do duelo do amor. É tão bom namorar.

Por favor, mais duas taças de licor de jenipapo absoluto, que o Dalmar Medeiros trouxe da terra dos dinossauros, um pra mim, outro ti. Nunca os automóveis da canção de Vital Farias

Como é mesmo o seu nome? “Eu sou Aurora”. Então, bota pra tocar na vitrola “A pérola e o rubi”.  Eu sou o Luiz de uns Camões.

Já tarde da noite tem o movimento dos vultos, dos augustos, da Pena de Pavão de Krishna, no gargalo de BH.

Ouço o barulho dos ponteiros antigos, aqueles relógios chatos com suas badaladas, num som agudo, mas não mudo, só mudo uma planta de lugar.

Amanhecemos, nós e o tempo – abro as janelas para me vestir da claridade.

As coisas logo voltam à vida, camisa de mangas longas, café, trabalho, pirão e devoção.

Somos nós inventores da noite.

É isso, inventamos Farrah Fawcett.

Kapetadas

1 – 8 bilhões de pessoas no mundo e todas tão longe quanto o apartamento ao lado.

2 -Eterno é tudo aquilo que fica – Gal Costa.

3 – Som na caixa: “De noite na cama eu fico pensando, se você me ama… E quando”,  CV.

* Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Portal MaisPB