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VIOLÊNCIA

Governo de Assad nega responsabilidade por ataque e culpa ‘terroristas’

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publicado em 27/05/2012 ás 13h56

Após ser alvo de críticas internacionais por causa de uma ofensiva que matou pelo menos 92 pessoas na cidade de Houla, na província de Homs, a Síria acusou rebeldes de serem os responsáveis pelo ataque que vitimou 32 crianças. Países ocidentais e árabes incriminaram o governo sírio pelo intenso ataque, iniciado na noite de sexta-feira. Na segunda-feira, o enviado especial da ONU e da Liga Árabe para a Síria, Kofi Annan, chegará a Damasco para se reunir com o presidente Bashar al-Assad para analisar a situação do cessar-fogo no país, que não está sendo cumprido de acordo com o plano de paz assinado em abril.

Neste domingo, duas pessoas foram mortas em protestos contra o episódio em Houla. Os manifestantes estavam em Yalda e Daraya, subúrbios de Damasco que abrigam milhares de refugiados que fugiram da ofensiva estatal contra a província de Homs.

A secretária de Estado dos Estados Unidos, Hillary Clinton, pediu que os responsáveis sejam punidos.

— Os Estados Unidos vão trabalhar com a comunidade internacional para intensificar nossa pressão sobre Assad e seus comparsas, cujo regime de mortes e medo deve chegar ao fim — disse Hillary.

O Reino Unido afirmou que vai convocar o embaixador da Síria para falar sobre o massacre, além de pedir uma reunião do Conselho de Segurança das Nações Unidas nos próximos dias. Em um comunicado, a chefe de política externa da União Europeia, Catherine Ashton, falou em “um ato hediondo perpetrado pelo regime sírio contra sua própria população civil”. Martin Schulz, presidente do Parlamento Europeu, afirmou que o episódio pode ser considerado um crime de guerra.

“Esse crime terrível e brutal envolvendo o uso indiscriminado e desproporcional da força é uma violação flagrante das leis internacionais e dos compromissos do governo sírio para cessar o uso de armas pesadas em centros populacionais e da violência em todas as suas formas”, afirmaram Kofi Annan e o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, em um comunicado.

Os Emirados Árabes Unidos pediram um encontro de emergência da Liga Árabe, cujo chefe, Nabil Elaraby, fez apelos para que o Conselho de Segurança pare com a matança no país. Não houve pronunciamento da Rússia, que, junto com a China, vetou resoluções mais duras do conselho contra o regime de Assad. O Conselho de Cooperação do Golfo acusou os soldados de Assad de usarem força excessiva e pediu que a comunidade internacional “assuma suas responsabilidades para deter o banho de sangue diário na Síria”.

Ainda no sábado, a França anunciou que convocará um encontro do grupo Amigos da Síria, além de cobrar da missão internacional que está no país o cumprimento de sua tarefa de implementar um acordo de paz assinado em abril. Espera-se que Kofi Annan intervenha na situação do país.

O chefe-executivo da ONG Save the Children, Justin Forsyth, também pede por uma ação.

— Essa matança indiscriminada deve acabar agora. O mundo não pode não se envolver e permitir que isso aconteça. As crianças estão sofrendo terrivelmente nesse conflito — afirmou Forsyth.

Milicianos teriam agido junto com tanques

O governo sírio acusou “terroristas” (forma como o regime se refere a seus opositores) pelo massacre, um dos episódios mais emblemáticos desde o início da revolta e desde o início da validade de um acordo cessar-fogo assinado em abril.

— Mulheres, crianças e idosos foram mortos. Essa não é a marca registrada do heroico Exército sírio — afirmou o porta-voz do Ministério de Relações Exteriores da Síria, Jihad Makdesi, acrescentando que o governo enviou uma equipe para investigar as mortes. — O único interesse da Síria é a proteção dos civis.

Segundo Makdesi, houve um confronto na região, entre forças de segurança e “terroristas armados”, na tarde de sexta-feira. Ele afirma que centenas de homens armados se reuniram e, com armas pesadas que incluíam munição antitanques e morteiros, atacaram Houla.

Observadores da missão de paz da ONU foram até Houla no sábado e contaram corpos de 32 crianças com menos de dez anos e de mais de 60 adultos. Segundo ativistas, mais pessoas mortas foram encontradas desde então. Os monitores confirmaram o uso de artilharia pesada, como canhões, no ataque. Os insurgentes sírios não têm acesso a esse tipo de armamento, o que reforça a acusação de que a ação foi comandada pelo governo.

Ativistas afirmam que as forças do regime bombardearam Houla após um protesto e depois invadiram a cidade com blindados. Milicianos “shabbiha”, partidários alauitas de Assad, teriam golpeado dezenas de vítimas até a morte, atirando de perto em algumas.

O Globo

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