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Fanatismo esportivo e político: especialista explica

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publicado em 30/11/2022 ás 10h40

A copa do mundo iniciou neste último 20 de novembro no Qatar e traz o questionamento da rivalidade que, neste caso, é entre países no âmbito esportivo. Este tipo de questionamento, faz pensar no porquê as pessoas têm ideologias e colocam em risco as relações interpessoais para levantar uma bandeira de político ou de time de futebol?

O fanatismo é o estado psicológico de obstinação excessiva, irracional e persistente por qualquer coisa, pessoa ou tema. Ele faz parte da psicologia porque está relacionado com a deturpação da realidade e, portanto, pode ter muitos fundos psicológicos e alterar gravemente a personalidade das pessoas. Também, porque o fanatismo desde sempre faz parte dos estudos da psicologia social, pois todo fanático se une a um grupo, de pessoas ou de ideias.

O psicólogo clínico Elso Luiz Pini, que é também psicoterapeuta, relata que “O fanatismo se desenvolve a partir de vários episódios que podem ser estimulados externamente, como esportes, política e religião e fraqueza emocional; assim, a pessoa precisa seguir alguma coisa ou alguém por falta de coragem, medo de abandono ou de não fazer parte de nenhum grupo.”

A ciência por trás do fanatismo

Um estudo realizado pela empresa de tecnologia DNPontocom mostrou que 7 em cada 10 brasileiros da Geração Z (1990-2010) lêem apenas a manchete do texto e 6 em cada 10 da geração X (1960-1982) mostrando como as pessoas confiam nas matérias e compartilham o conteúdo sem inteirar-se com contexto desde que a mesma vá de encontro com a sua ideologia.

Partindo de um ponto mais prático, a coleta de dados que hoje em dia é muito utilizada para “Machine Learning” e Inteligência artificial pode também sofrer “bias” que indicam não ser completamente confiável por diversas formas. Um exemplo é o “viés de confirmação”, que é a tendência de processar informações procurando, ou interpretando, informações que sejam consistentes com as crenças existentes. Esta abordagem tendenciosa na tomada de decisões é em grande parte não intencional e muitas vezes resulta em ignorar informações inconsistentes. As crenças existentes podem incluir as expectativas em uma determinada situação e previsões sobre um determinado resultado.

Portanto, é especialmente provável que as pessoas processem informações para apoiar suas próprias crenças quando a questão é altamente importante ou relevante para elas mesmas, como em política e religião. Assim, prestando atenção mais em um lado político. Como as redes sociais funcionam com algoritmos, o sistema interpreta que a pessoa “gosta” daquele tópico e traz mais informações relacionadas; então a pessoa, que já está tendenciosa, compartilha mais e mais, sem se dar conta.

Características que ajudam a identificar o fanatismo

Segundo o psicólogo Elso Luiz Pini, a identificação é simples: “dá-se quando a pessoa perde a racionalidade e passa a defender um ponto de vista que não é seu, de todas as formas possíveis, desconsiderando até mesmo questões óbvias e absurdas. É a pessoa que muda de opinião e posição de acordo com o seu ‘ídolo’, que agride e ofende pessoas que não fazem parte do seu movimento, entre outros pontos.”

No caso do esporte, características como enxergar o torcedor do rival como inimigo, a ponto de cometer um crime ou agressões graves porque uma pessoa está usando uma roupa de outra agremiação, ou considerar a derrota do time um motivo para ameaçar outras pessoas e distorcer o óbvio são sinais de fanatismo esportivo.

O fanatismo político é muito presente em épocas de eleições e já esteve presente, por muitas vezes, na história. Tendo início no antigo mundo greco-romano, este conceito associou-se à violência política durante a Revolução Francesa, empurrando finalmente alguns dos filósofos proeminentes da época a desenvolver as próprias soluções que poderiam ajudar a sociedade de hoje. Eventos políticos históricos como o Holocasto, por exemplo, em que uma ideia implantada por um líder político reproduziu-se em perseguição, morte e abuso do povo judeu é a prova de que o fanatismo político pode ter consequências drásticas para uma população. Assim, o psicólogo inteira que “a necessidade de pertencer a um grupo e de se opor a outros, usando termos ofensivos, agressões verbais e físicas, ameaças e até mesmo levando à morte, constituem o fanatismo político.”

Como a psicologia pode ajudar?

A intolerância e a falta de julgamento justo de ações as quais permitem que os humanos vivam em harmonia dentro de uma sociedade, podem vir, de uma certa forma, a preocupar. Desta forma, o psicólogo e o psicanalista são profissionais de saúde que auxiliam no gerenciamento e no tratamento do fanatismo.

Um dos meios para lidar com o fanatismo é “com terapia, anteconhecimento, aceitação, respeito pelas divergências e paciência”, diz o psicólogo Elso Pini que ainda dá conselhos sobre como lidar com uma pessoa que não sabe ou não reconhece que tem fanatismo “a empatia é a chave para tentar entender o outro”, e finaliza dizendo que “dois fanáticos de lados opostos, quando se encontram, geram inevitavelmente violência, seja física ou emocional. Então, precisa-se de menos líderes e mais individualidade, menos crenças forçadas e mais laços de amor, menos disputas por poder e mais divisão de tarefas, menos rivalidade e mais respeito.”

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