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Marcos Pires é advogado, contador de causos e criador do Bloco Baratona. E-mail: [email protected]

Vivendo 400 anos

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publicado em 03/12/2022 ás 07h00
atualizado em 02/12/2022 ás 16h56

Manoel Moreira tem uma tese arretada. Ele entende que o atual período de vida para o ser humano é muito pequeno, porque gastamos um terço dormindo. Portanto, mesmo que o cidadão alcance os cem anos, de saída já perdeu 33 anos, ou seja, na verdade só viveu 67 anos. A perda do tempo de vida aumenta com atividades absolutamente incompatíveis com o bem viver. Um exemplo que ele dá é o tempo que o homem utiliza trabalhando para poder se aposentar e enfim usufruir a vida. Já lá se vão, portanto, mais 35 anos que somados ao tempo gasto com o sono chegam aos 68 anos, sobrando então – se o cidadão conseguir chegar aos cem anos- apenas 32 anos de vida efetiva.
“- É muito pouco, Pires. Falta tempo para algumas coisas às quais deveríamos nos dedicar com afinco e alegria. Eu por exemplo comprei vários instrumentos musicais, estão todos lá em casa intocados porque nunca tive tempo para estudar música”.
Tem razão.
O professor George Church,  (foto) de Harvard, entende que os humanos viverão de 120 a 150 anos. O geneticista Aubrey de Grey confirmou não apenas os 150 anos de vida como afirmou que o primeiro ser humano que viverá 150 anos já teria nascido. Do primeiro até poderíamos perdoar o entusiasmo genuíno, mas separar o joio do trigo da informação de Grey é bem mais fácil, porque eu não enxergo nenhum trigo na informação.
Pesquisas indicam que somente entre 1970 e 2005 duplicou a probabilidade de uma pessoa com 65 anos chegar aos 85 anos. Claro que isso depende dos avanços nos campos da higiene, alimentação e tratamentos médicos. E é aí que a porca torce o rabo.
Estou convencido que as empresas de fármacos assumiram o desenvolvimento de novos medicamentos, deixando belos exemplos como a Fiocruz para trás. E é claro que a essa moçada só interessa o lucro. Daí cheguei à conclusão que a eles apenas importa a produção de medicamentos de uso continuo porque isso garante um lucro continuo, ainda que signifique mais pacientes por mais tempo em cima de camas, já que se os doentes forem curados o lucro cessa. É cruel? Benvindo ao capitalismo. Fui informado sobre uma pesquisa que está sendo feita nos EUA. Indica que apesar dos americanos estarem vivendo mais, estariam passando um percentual maior de suas vidas doentes.
Confio, entretanto, na abnegação dos cientistas que seguem pesquisando independentemente da grana da indústria farmacêutica, trabalhando em Universidades e centros de estudos que permitirão no futuro vivermos mais e mais saudáveis.
Viva a ciência!

* Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Portal MaisPB

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