João Pessoa, 03 de dezembro de 2022 | --ºC / --ºC Dólar - Euro
O vento que chega ao jardim imenso da Usina Cultural Energisa, antiga “Cruz do Peixe”, sítio que pertenceu aos beneditinos, é algo deleitoso. É como se estivéssemos no Éden. Nem precisa chamar o vento, já está ali, a comer mais a noite, a se alimentar das flores.
O lugar é tão bonito. Fomos eu, Jória Guerreiro e a mãe dela Eliane, para o lançamento do livro de Juca Pontes. Juca nos liga a outras pontes da cidade. É puro bucolismo.
Um silêncio daqueles e à borda quase um lamento, onde braços e abraços vêm nos acalentar, bem melhor que o noticiário maldito do Brasil.
Lá encontramos o jornalista Helder Moura, autor do romance “O incrível testamento de Dom Agapito”, que narra a história de um homem de Óbidos, Portugal, mas não precisa cantar um fado para saber que HM é um bom romancista.
Vai mais bonito o que a gente pensa e diz, o que a gente vislumbrava, na antiga hospedaria do cronista Luís Augusto Crispim.
A moça sai da janela e senta num banco da Praça dos Independentes. Da Energisa dá para ir a pé. É puro bucolismo. O olhar hospitaleiro que trago em mim, Paraibucolismo.
O mar é lá, diz Epitácio Pessoa, apontando com o indicador, na cabeça da avenida – que leva seu nome até o mar de Tambáu, mas o mar não é bucólico, é cosmopolita.
Um outro jeito de usar a cabeça. Qual? Alguém me contou que na Pedra da Boca, o bucolismo incita e excita, mas não ficará pedra sobre pedra.
Vai fundo, repara onde o pé pisa, segue o bucolismo e não oprima os outros, saia do seu (esgoto)mento e venha contemplar o som das árvores nas calçadas de João Pessoa.
Dalmar Medeiros, o jovem mercante, da mata dinossaurica de Sousa, circula pelos eventos culturais como um Dandy. Ele me apresentou a artista Marlene Almeida e sugeriu a pintora uma visita solene ao jardim da Francis, mas Marlene tirou de letra dizendo que eu tinha uma cadela chamada Marlene em sua homenagem.
O nome do vira lata era em homenagem a “Marlene” Dietrich, a Lili Marlene. A cadela foi enterrada no bucolismo do nosso quintal.
Aqui ancoro mais bucolismo, a Praça São Gonçalo, cheia de árvores que ultrapassam cumeeiras.
Quando existia pai e mãe, íamos aos Porções, antigos sítios, pureza, zélins, saiamos a pé de madrugada com sensações de arrepiar a pele em contato com o bucolismo.
Ângela Bezerra foi criada numa fazenda e ela aos 80 anos, se revela mais bonita que seus olhos turquesa. Mulher bucólica, inteligente e ainda menina, viveu grande amor.
Mesmo na agonia das palavras, vivemos a chegada da beleza, o espanto original e por isso nos falam de outro mundo, onde o bucolismo é uma linha com que se cose tudo, eu, você, você e eu.
Kapetadas
1 – A desgraça de agora é o meme de daqui a pouco. Te cuida, te dana!
2 – Não descobria a diferença entre clitóris e clítoris, mas queria descobrir onde era o ponto G.
3 – Som na caixa: “Sertaneja, por que choras quando eu canto?”, de Rene Bittencourt
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OPINIÃO - 22/11/2024