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Jornalista, cronista, diácono na Arquidiocese da Paraíba, integra o IHGP, a Academia Cabedelense de Letras e Artes Litorânea, API e União Brasileira de Escritores-Paraíba, tem vários publicados.

Arborizar  

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publicado em 14/12/2022 às 07h00
atualizado em 13/12/2022 às 17h53

 

 

         Houve um tempo em que no quintal de minha casa existia um cajueiro, que preservei por muitos anos, dele desfrutava a sombra e colhia os frutos. Nele os pássaros se acomodavam e faziam seus ninhos. Já estava em altura que trazia incômodo para o pequeno espaço por causa das folhas secas e do cupim a infestar o madeiramento da casa.  

         O cajueiro me lembrava as plantações que existiram em Tapuio, que nos davam castanhas e pedúnculos saborosos que se espapaçavam pelo chão.  

         Depois de consultar amigos especialistas em Botânica e Agronomia, decidi por sacrificar o velho cajueiro, mas em seu lugar, imediatamente, plantei pequenas árvores, de modo que me oferecessem sombra e paisagem verde.  

         Certa vez, em comentário acerca do corte de árvores em cidades do interior, que acontecia em velocidade espantosa, recebi uma carinhosa carta de dona Creusa Pires, ex-vereadora e portadora de sabedoria que ajudou no prolongamento de gestos de solidariedade, levando-me a reflexões sobre o tema arborização, a questão ambiental.  

         Ainda vivi um tempo em que as pessoas escreviam cartas para as redações dos jornais, endereçadas aos repórteres. Dona Creusa, uma doçura de senhora, gostava de enviar carta para ressaltar uma matéria ou reportagem que a impressionava. O livreiro Bartolomeu de Oliveira seguia a mesma linha, pois era normal encontrar na portaria do jornal uma sua mensagem ao repórter, sempre elogiosa.   

          Ao tempo de sua atuação como vereadora, destacou-se com gestos majestosos na vigilância dos problemas da cidade, porque observava os anseios do povo carente, sem nunca afastar o olhar para propostas que levariam a criar ambiente saudável e bom para se morar.  

         No período de sua atuação parlamentar na Câmara de Vereadores, entre 1992 a 1996, conseguiu aprovação do Projeto Arborizar, que consistia no plantio de árvore nas encostas e praças. Este projeto logo foi esquecido, como muitas iniciativas que poderiam trazer benefícios para a população. Era o tempo quando nos orgulhávamos de dizer que morávamos na “Cidade das Acácias”, “Cidade Jardim”, “Cidade Verde” e muitas outras denominações em exaltação ao verde e ao ambiente saudável.  

         Uma tristeza tomava conta dela quando passava por ruas e alamedas, pelas encostas do rio Jaguaribe, pelas beiradas do Sanhauá e pelos conjuntos residenciais e observava a falta de árvores plantadas. Ela dizia que se seu projeto tivesse tido continuidade, realmente, “seriamos de fato uma das cidades mais verdes do mundo”. Questionava se ainda era tempo de investir nesse projeto. Creio que sim. Naquela época quanto agora, sempre é tempo para investir na preservação do meio-ambiente.  

         O Projeto Arborizar, sancionado pelo prefeito da época, recomendava o plantio de árvores nas calçadas residenciais e quintais, com mudas de aroeira da praia, cássia e pau-brasil doadas pela prefeitura. Os moradores cuidariam da preservação dessas árvores, e como recompensa teriam mais verde, flores e frutos bem perto.  

         O reflorestamento é uma boa ação, até porque traz consigo benefícios imensuráveis para nossa vida, mas nem sempre temos o cuidado de preservar.  Quando se corta uma árvore, outra deve ser plantar no lugar. A preservação ambiental, a começar pelo cuidado com as árvores, deve ser ensinada às crianças ainda na escola.  

         No lugar do cajueiro do meu quintal, providenciei o plantio de pequena fruteira e roseiras, transformadas em xodó da patroa.  

   

         


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