João Pessoa, 23 de maio de 2012 | --ºC / --ºC Dólar - Euro
Após 11 dias sem ser visto publicamente, o presidente Hugo Chávez reapareceu na televisão nesta terça-feira para pedir calma à oposição. O encontro com ministros no Palácio Palácio Miraflores foi difundido em uma cadeia de rádio e TV.
— Peço calma depois de uma mostra de desespero do lado opositor. A derrota que vamos dar não tem precedentes — disse o governante, numa crítica ao comportamento de alguns seguranças do candidato opositor, Henrique Capriles, que foram acusado de agredir funcionários da TV estatal durante uma viagem.
Chávez aproveitou a transmissão para garantir que apresentará sua candidatura à reeleição dentro do prazo oficial — entre 1 e 11 de junho — e descartou as versões da imprensa sobre uma possível desistência da corrida presidencial. Sem fazer referência ao seu estado de saúde, o líder venezuelano disse que espera estar em condições para fazer corpo-a-corpo com eleitores e inspecionar algumas das obras em que estão sendo feitas em Caracas.
Chávez havia sido visto em público apenas duas vezes desde meados de abril. Isso inclui a aparição de meia hora no último dia 12, quando voltou de Cuba depois de completar sessões de radioterapia.
Desde então, o presidente da Venezuela voltou a permanecer no palácio presidencial, supostamente sob rigorosas ordens médicas. O discurso oficial é de que ele se recupera de um tratamento difícil, após três cirurgias para retirada de dois tumores malignos da região pélvica.
Opositor diz que pesquisa secreta avaliou alternativas ao presidente nas urnas
O deputado opositor Alfonso Marquina denunciou nesta terça-feira uma pesquisa secreta do governo venezuelano sobre a popularidade de um eventual substituto do presidente Hugo Chávez como candidato, aumentando os rumores de que — diferentemente do discurso oficial — não contar com seu líder nas eleições de 7 de outubro é uma possibilidade considerada real pelos chavistas.
A sondagem teria sido feita no início de maio, quando Chávez ainda estava em Cuba para seu último ciclo de radioterapia contra o câncer. Na ausência do presidente, o preferido dos chavistas seria o vice Elías Jaua, com 45% de apoio, seguido por Rosa Virginia, filha mais velha de Chávez, com 16%.
A possibilidade de uma das filhas de Chávez entrar na linha de sucessão ganhou força após ele mesmo admitir publicamente que gostaria de entregar o poder no futuro a uma mulher. Rosa Virginia, de 34 anos, não tem experiência política, mas costuma acompanhar o pai em viagens oficiais e é casada com o ministro da Tecnologia, Jorge Arreaza.
Aparecem também na lista de preferência dos chavistas o chanceler Nicolás Maduro (15%); o presidente da Assembleia Nacional, Diosdado Cabello (10%); e Adan Chávez (4%), governador do estado de Barinas e irmão de Chávez. A pesquisa irritou a oposição, que questionou o governo por, ao mesmo tempo em que anuncia a melhora do presidente, considerar real a possibilidade de o câncer tirá-lo da corrida pela reeleição.
— Se eles estão avaliando outro candidato, por que dizem que Chávez está melhorando? Exigimos um boletim sobre a saúde de Chávez, que tem incidência direta na vida da nação. Uma mensagem no Twitter ou um telefonema qualquer um pode fazer — disse Marquina, dirigente do partido opositor Um Novo Tempo (UNT).
A pesquisa divulgada por Marquina aponta que o presidente, mesmo doente, continua o candidato preferido da esmagadora maioria dos chavistas, com mais de 90% de apoio. Segundo o deputado, a sondagem mostrou, ainda, que qualquer governista — excluindo Chávez — seria derrotado por Henrique Capriles, candidato da oposição.
O Globo
OPINIÃO - 22/11/2024