João Pessoa, 19 de dezembro de 2022 | --ºC / --ºC Dólar - Euro
Retratos de uma época que não volta. Infância infinita que mora dentro de mim.
Saudade. Reminiscências de dias que servem de alimento aos sonhos da noite.
A terra, o pular corda, a amarelinha, os banhos de chuva embaixo da biqueira. As panelinhas de barro compradas na feira central, onde ensaiávamos nossas primeiras artes culinárias. A caixa de música em forma de flor, que abria e fechava conforme a música era tocada.
A casa inundada pelo cheirinho do bolo ainda ao forno. A garrafa de café sempre à mesa.
Primos, tios, a avó a quem não cheguei a ver de cabelos brancos, de tão precoce a partida.
A espera ansiosa pelo domingo, dia de não-trabalho. Painho em casa, freneticamente, de um lado para o outro, procurando pequenos consertos na casa ou lavando o fusquinha que nos levaria ao almoço na casa de vovô, quem, mais tarde, reuniria os netos para contar suas histórias de porteiras fechando-se sozinhas na calada da noite. Netos a quem, individualmente, atribuía um apelido carinhoso, de acordo com a característica peculiar a cada um. Minha irmã, Branca de Neve, era branquinha. Meu irmão, João Grilo, era arteiro, tal qual o de Ariano. O meu, não lembro (interessante…).
Tempos felizes. Até as lembranças tristes trazem saudade. Tempos em que, como no Poema de Ney, o choro era apenas uma desculpa para um abraço ou um consolo.
Suficiente lembrar? Lembrando a gente revive. Revivendo a gente sonha. Sonhando a gente projeta. Projeta futuro diferente do presente, tão desconectado com o que realmente importa. Projeta nos filhos e repassa valores. Que eles também tenham lindas reminiscências e que elas os façam sonhar, viver e projetar! Sejamos boas lembranças! Assim, ficaremos neles e jamais teremos fim.
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VÍDEO - 14/11/2024