No início da década de 1940, ainda menino, no sítio de meus pais, comecei a entender o que era a Ditadura Vargas, que terminou em 1945, juntamente com a Segunda Guerra, o maior conflito do planeta. Ainda na infância, vi o restabelecimento da democracia através de uma constituinte de 1946. Entendi na adolescência, que a democracia era o melhor sistema de governo. Depois conheci a afirmação do mestre Churchill: “A democracia pode não ser o regime perfeito e irretocável, mas não existe outra melhor forma de governo”.
Restabelecida a democracia no Brasil e a paz mundial, houve, em 1954 entre o presidente Getúlio Vargas e as Forças Armadas. um choque, que terminou no suicídio do então presidente. Em 1964 a nação entra em ebulição com à esquerda, se preparando pra implementação da Ditadura do Proletariado – aí o povo brasileiro foi às ruas, chamaram as Forças Armadas, que facilmente assumiram o comando.
As Forças Aramadas tiveram o controle do país até 1985. Alguns estudiosos descreveram a Revolução de 1964, como o professor da Universidade de Pernambuco, Jorge Zaverucha, doutor em Economia Política pela Universidade de Chicago, que afirmou: “Na revolução de 1964 houve um autoritarismo de direita e de esquerda. Se a direita não desse o golpe a esquerda daria.”. Para o escritor e político Roberto Campos, a Revolução de 1964, “foi um movimento armado, o mais biodegradável possível, pois, foi uma revolução que sempre acenava com a abertura e que permitia eleições com o Congresso e o Judiciário em funcionamento permanente, bem diferente da maioria das revoluções”.
Vivi a Revolução de 1964, até 1985 como advogado. Nesse período obtive as vitórias e realizações da vida de um cidadão: fiz concurso para Juiz de Direito e professor da UFPB, sendo aprovados em ambos. Curso de mestrado em Administração de Empresas na FGV-SP e Administração Pública em Madrid, Espanha. Fui eleito Deputado Estadual em 1982, reeleito em 1986, e Deputado Federal em 1991, exercendo por quatro anos. Tempo suficiente para que eu me decepcionasse com o trabalho da Câmara Federal. Lá conheci e convivi com muitos colegas competentes e sérios, mas muitos desonestos e incompetentes que fomos obrigados a cassa-los, chegamos até a decretar o impeachment de um Presidente da República. Cumpri meu mandato e tendo ficado decepcionado com o desempenho da Câmara, regressei ao meu antigo refúgio, ficando observando a política brasileira, escrevendo artigos, livros, fazendo críticas quando necessárias e nunca mais disputando cargo público.
Relendo o escritor José Américo “Eu e Eles”, o grande mestre fez um registro importante: “O povo de 1889 e 1937 estava ausente e não reagiu. A mesma coisa iria acontecer em 1945 na deposição do todo poderoso Getúlio Vargas”. Esses três movimentos de (1989), (1837) e (1945) foram comandados por Marechais, Generais e outros militares graduados. Segundo Voltaire: “Quando a nação começa a pensar é impossível detê-la”.
O pensador francês tem razão, pois se o povo brasileiro ficou em silêncio diante tão grandes movimentos acima citados, é verdade que este mesmo povo começou a pensar em 2018 e, neste instante segue reagindo com vigor em defesa da liberdade, da democracia e da Constituição. Triste é ver o povo ir às ruas pedir liberdade, direito de ir e vir, de livre manifestação do pensamento previsto na Constituição e o Senado, onde sua maioria e o seu próprio Presidente mantém um silêncio tumular diante do clamor do povo.
Enquanto a Câmara Federal permite que colegas sejam presos e castigados, afrontando o direito constitucional do deputado e a soberania da própria casa, não sabemos onde isso vai parar. Não pretendo mais votar por várias razões, mas apelo aos eleitores brasileiros que procurem escolher melhor os seus representantes para que nossa Democracia e a Constituição nunca seja rasgada. Nunca, jamais.
* Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Portal MaisPB