João Pessoa, 23 de dezembro de 2022 | --ºC / --ºC Dólar - Euro
Lembro-me do cavalo de papai, branco e dorminhoco, que nos carregava nas costas, desfilando em cima do balde do antigo açude que circundava a cidadezinha.
Antes fora Canaã, depois, Belém. Uiraúna sucedeu ao nome Belém, buscado nas peraltices dos pássaros pretos (guiraúna) daquela terra, que tem gosto de Sol e Lua. Situa-se nos confins do alto sertão da Paraíba, doce e lindo, como mel e rapadura.
Nasci no Sítio Saco Senhorinha, que pertenceu a Uiraúna, mas este se dividiu, e ficamos no Município de Santarém. Santarém… que nome bonito! Antes se chamava Padoca, Várzea de Cacimba, sucedida por Santarém e, de Santarém, para Joca Claudino.
Deixei Uiraúna em 1979, quando o Sítio Saco ainda pertencia à Coroa de Uiraúna. Sou uiraunense e jocaclaudinense a um só tempo, por isso, no meio desse limbo, eu gravito cheio de incertezas e de saudades, sem saber me definir ao cabo.
As duas cidades estão amalgamadas no meu coração, em uma suposta contradição. Contradição não, porque me declarar uiraunense-jocaclaudinense é apenas o locus de um amor que nasceu um só, mas cuja cisão só ocorreu nas cercanias da institucionalidade política, essa dimensão da humanidade que carrega todas as contradições das paixões humanas.
@professorchicoleite
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