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Jornalista paraibano, sertanejo que migrou para a capital em 1975. Começou a carreira  no final da década de 70 escrevendo no Jornal O Norte, depois O Momento e Correio da Paraíba. Trabalha da redação de comunicação do TJPB e mantém uma coluna aos domingos no jornal A União. Vive cercado de livros, filmes e discos. É casado com a chef Francis Córdula e pai de Vítor. E-mail: [email protected]

O que fizeram com o Natal de Drummond?

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publicado em 24/12/2022 ás 07h00
atualizado em 24/12/2022 ás 09h45

Nós que voltamos a andar apressados, entramos em dezembro, logo é janeiro e chegamos aos presépios inseguros, mas entramos, porque hoje é Natal.

Natal dos outros, da casa da gente, talvez seja Natal e não dezembro, talvez universal.

Quando eu era pequeno, o Natal era a festa da inocência, passávamos o ano esperando pelo Menino do Presépio.  Todos já tivemos um Natal da inocência e esperávamos o nascimento do Menino Jesus.

Na lonjura dos anos, ainda vejo a luz da cidade, mas me assombro com a paisagem. Os carros enfeiam a paisagem.

Com um alarido preso à boca, leio os poetas Fernando Pessoa, Miguel Torga, Manuel Bandeira e Carlos Drummond de Andrade.

Em “Natal da Provincia”, Fernando Pessoa toca na gente: “Meu pensamento é profundo, estou só e sonho saudade. E como é branca de graça, a paisagem que não sei, vista de trás da vidraça/do lar que nunca terei!”

Em Natal, o também poeta português, Miguel Torga diz: “Que vendaval de emoções! Natal de quantos meninos, em nudez foram paridos, num presépio de ilusões”.

Manuel Bandeira lembra em Canto de Natal, “que nasceu sobre as palhas, o nosso menino, mas a mãe sabia, que ele era divino. Vem para sofrer, a morte na cruz”.

O Que Fizeram do Natal? indaga Carlos Drummond de Andrade. “Já nasceu o deus menino, as beatas foram ver, encontraram o coitadinho mais o boi mais o burrinho e lá em cima a estrelinha alumiando. Natal. As beatas ajoelharam e adoraram o deus nuzinho mas as filhas das beatas e os namorados das filhas, foram dançar black-bottom, nos clubes sem presépio”.

Guardo comigo os versos mais cúmplices da poesia, para que nunca se deixe de dizer:  Feliz Natal!

Kapetadas

1 – Não sei bem se posso chamar de perda algo que me deu tanta coisa.

2 – Feliz Natal pode ser, Próspero Ano Novo é inviável.

* Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Portal MaisPB