João Pessoa, 24 de dezembro de 2022 | --ºC / --ºC Dólar - Euro
Nós que voltamos a andar apressados, entramos em dezembro, logo é janeiro e chegamos aos presépios inseguros, mas entramos, porque hoje é Natal.
Natal dos outros, da casa da gente, talvez seja Natal e não dezembro, talvez universal.
Quando eu era pequeno, o Natal era a festa da inocência, passávamos o ano esperando pelo Menino do Presépio. Todos já tivemos um Natal da inocência e esperávamos o nascimento do Menino Jesus.
Na lonjura dos anos, ainda vejo a luz da cidade, mas me assombro com a paisagem. Os carros enfeiam a paisagem.
Com um alarido preso à boca, leio os poetas Fernando Pessoa, Miguel Torga, Manuel Bandeira e Carlos Drummond de Andrade.
Em “Natal da Provincia”, Fernando Pessoa toca na gente: “Meu pensamento é profundo, estou só e sonho saudade. E como é branca de graça, a paisagem que não sei, vista de trás da vidraça/do lar que nunca terei!”
Em Natal, o também poeta português, Miguel Torga diz: “Que vendaval de emoções! Natal de quantos meninos, em nudez foram paridos, num presépio de ilusões”.
Manuel Bandeira lembra em Canto de Natal, “que nasceu sobre as palhas, o nosso menino, mas a mãe sabia, que ele era divino. Vem para sofrer, a morte na cruz”.
O Que Fizeram do Natal? indaga Carlos Drummond de Andrade. “Já nasceu o deus menino, as beatas foram ver, encontraram o coitadinho mais o boi mais o burrinho e lá em cima a estrelinha alumiando. Natal. As beatas ajoelharam e adoraram o deus nuzinho mas as filhas das beatas e os namorados das filhas, foram dançar black-bottom, nos clubes sem presépio”.
Guardo comigo os versos mais cúmplices da poesia, para que nunca se deixe de dizer: Feliz Natal!
Kapetadas
1 – Não sei bem se posso chamar de perda algo que me deu tanta coisa.
2 – Feliz Natal pode ser, Próspero Ano Novo é inviável.
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OPINIÃO - 22/11/2024