João Pessoa, 26 de dezembro de 2022 | --ºC / --ºC Dólar - Euro
“Em dois dias, celebraremos o Natal, talvez à luz de velas. Não porque seja romântico, mas porque não há eletricidade.” Palavras proferidas por Volodymyr Zelensky, presidente ucraniano, em recente visita ao Congresso dos Estados Unidos da América. A Ucrânia teve seu território invadido pelas tropas russas desde 24 de fevereiro. Passados já mais de dez meses, não há ainda sinal de acordo de paz entre as duas nações. “Cada centímetro daquela terra está encharcada de sangue”, continuou o líder em seu discurso.
A perplexidade, apesar de tudo, ainda se faz sentir, e vemos, atordoados, como ainda é possível, no estágio de civilização supostamente alcançado pela humanidade, presenciarmos a história, de forma cíclica, repetir os mesmos erros, pelas mesmas motivações. Colocando em risco os rumos da humanidade e tirando do nosso coração a esperança de um futuro seguro para todos nós.
Há pouco mais de dois mil anos, um homem viveu nesta terra. Para alguns, um pacifista. Para outros, um revolucionário. Para outros, o Messias prometido. O filho de Deus. Um camponês galileu, cujos ensinamentos em nome dos pobres, doentes e marginalizados foram de um tom tão ameaçador aos políticos e religiosos da época, que causaram sua prisão, tortura e morte na cruz. Falava sobre um reino onde haveria liberdade e justiça para homens, mulheres e crianças. Igualdade e paz.
Natal, época em que o ocidente comemora o nascimento do Cristo. Fico a me questionar o que esse Cristo pregaria diante da decadência atual. Pergunto-me se novamente o crucificariam. As únicas respostas que me vêm à mente são: sim, ele teria que repetir as mesmas palavras, pois, mesmo após dois mil anos, não aprendemos sobre amor e justiça. Não aprendemos sobre dar a outra face, caso necessário. E, sim, ele seria novamente crucificado. Desta feita, por aqueles que professam seu nome.
Parece demais pedir que não roubem de nós nem das gerações futuras o direito a termos fé de que um dia a humanidade possa, enfim, experimentar este reino ideal, no qual todos tenham direito à paz. Mas peço! Peço por paz, peço por amor, peço por justiça, peço por igualdade, peço que deixem que meus filhos creiam nestes ideais. Que o discurso do maior mestre que a humanidade conheceu finalmente nos alcance! Que aprendamos com ele! Que possamos, um dia, comemorar natais sem a mancha da hipocrisia sobre nós! É o meu desejo para o Ano Novo.
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NOVA VAGA - 17/12/2024