João Pessoa, 20 de maio de 2012 | --ºC / --ºC Dólar - Euro
Após uma odisseia particular, que começou às vésperas da chegada da Secretária de Estado dos EUA Hillary Clinton a China, o ativista cego chinês Chen Guangcheng, sua mulher e seus dois filhos aterrissaram no aeroporto de Newark na tarde de sábado (hora local). O advogado termina assim uma fuga que começou ao escapar da sua própria casa, onde estava confinado, e viajar escondido em um carro até a embaixada norte-americana em Beijing, num conflito diplomático que causou tensão entre as relações dos EUA e o país asiático.
Guangcheng foi convidado pela Universidade de Nova York para estudar direito. O governo chinês autorizou sua saída do país alegando que ele era livre para terminar sua formação no estrangeiro, como qualquer cidadão chinês. A decisão, no entanto, chega depois de árduas negociações entre Beiging e Washington, que o próprio governo de Obama destacou neste sábado, depois de confirmar que o ativista estava a caminho dos EUA. “Expressamos nosso apreço pela forma que fomos capazes de resolver esse incidente, além de apoiar Chen em seu desejo de estudar no país e perseguir suas metas”, dizia a nota do porta-voz do Departamento de Estado enviado pelo Twitter.
Jerome A. Cohen, especialista em Direito chinês da Universidade de Nova York e principal articulador para que Chen pudesse estudar na faculdade, mostrou sua satisfação ao saber que o ativista havia abandonado a China. A própria universidade se encarregou de facilitar um alojamento para o advogado e sua família.
Antes de embarcar, o advogado autodidata teve tempo de falar com outros dissidentes chineses refugiados nos EUA, como BobFu, um pastor cristão, diretor da organização China-Aid. Em declarações a rede CNN, Fu revelou que a principal preocupação de seu compatriota é a segurança de seus familiares que ficaram na China. Segundo denunciou o próprio ativista, seu irmão foi torturado e seu sobrinho está preso, acusado de assassinato por ter atacado a dos oficiais do governo que entraram na sua casa. “Ele teme que condenem seu sobrinho a morte”, disse Fu.
O Globo
OPINIÃO - 22/11/2024