João Pessoa, 18 de maio de 2012 | --ºC / --ºC Dólar - Euro
O PSDB do Senado pediu nesta sexta-feira à Comissão de Ética Publica da Presidência para abrir processo administrativo contra o ministro Fernando Pimentel (Desenvolvimeto, Indústria e Comércio Exterior).
Autor da representação, o senador Álvaro Dias (PSDB-PR) disse que o ministro feriu o código de ética do governo ao aceitar usar aeronave paga por uma empresa privada.
"A conduta do representado, que, confessadamente, teria se deslocado em frete aéreo financiado por particulares para fins de atendimento de interesses também particulares parece ir de encontro ao que dispõe o código ético", disse o tucano.
Em outubro de 2011, ele viajou em avião fretado pelo empresário João Dória Jr, presidente do Lide (Grupo de Líderes Empresariais). Segundo reportagem do "Terra Magazine", Pimentel estava na Bulgária, em comitiva presidencial, antes de ir para Roma, onde palestrou em evento do grupo.
No pedido do PSDB, Dias afirma que não há "informação alguma" sobre publicidade do pagamento das despesas. " Pelo contrário, o empresário João Dória Junior negou a repórteres o custeio privado desse transporte."
"Esse fato, inclusive, se confirmado, sustentaria, ainda, na pior das hipóteses, dúvidas acerca de quem efetivamente teria financiado esse transporte aéreo internacional. Por outro lado, se houve efetivamente o pagamento dessas despesas por particular, ainda assim o fato violaria as regras de conduta ética de autoridades públicas", afirma Dias no requerimento.
O líder do PPS na Câmara, deputado Rubens Bueno (PR), também ingressou hoje com representação contra o ministro na Comissão de Ética da Presidência.
O Código de Conduta da Alta Administração Federal veta o recebimento de "transporte ou quaisquer favores" que possam "gerar dúvida sobre a probidade" do favorecido.
"Não fui em avião oficial porque o compromisso não fazia parte da agenda da presidente [Dilma Rousseff]. Não tinha como ir de avião oficial. Ele [Dória Júnior] mandou um avião e eu usei a aeronave", disse o ministro. A assessoria de Pimentel confirmou as declarações e disse que não faria mais comentários.
Em abril, o relator da Comissão de Ética, conselheiro Fábio Coutinho, considerou insuficiente a defesa do ministro ao tentar justificar o recebimento de R$ 2 milhões por consultorias prestadas entre 2009 e 2010, pouco antes de integrar o governo Dilma.
A atividade do ministro levantou suspeitas de tráfico de influência. Pimentel afirmou, na oportunidade, que iria encaminhar novos esclarecimentos à comissão.
Folha de São Paulo
BOLETIM DA REDAÇÃO - 31/10/2024