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Jornalista paraibano, sertanejo que migrou para a capital em 1975. Começou a carreira  no final da década de 70 escrevendo no Jornal O Norte, depois O Momento e Correio da Paraíba. Trabalha da redação de comunicação do TJPB e mantém uma coluna aos domingos no jornal A União. Vive cercado de livros, filmes e discos. É casado com a chef Francis Córdula e pai de Vítor. E-mail: [email protected]

Desfazendo a viagem

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publicado em 07/01/2023 às 07h00
atualizado em 06/01/2023 às 19h27

No supermercado escuto João Gilberto cantando “Sampa” e sua voz se amplia na ala dos sorvetes. Pensei num samba da saúde mental. Que tal? Uma mulher grita na fila do caixa. Não foi nada.

Uma criatura faz que vai e não vai e a bunda tremelica com o lamento do aumento do pão. Ainda bem que a funcionária da padaria avisou. No Tuite, Luana Piovani disse que ainda não nasceu o boy que vai tirar onda da cara dela.  Quando o santo é de menos, o cego cai fora.

Eu sou aquele que entra no elevador e comenta sobre o tempo, o tempo enquanto conceito adquirido por vivência, indefinível em palavras, o tempo de Santo Agostinho e tantos outros filósofos. É absoluto? Finito? Infinito? É possível viajar no tempo? O que é o tempo?

As panelas já não batucam mais, desde quando não sei ancestrais fodais E o tempo passando…

A vida me prende, me gruda, me pesa, me afasta, mas eu pego o atalho. Tenho tédio dos boletos, não nasci para isso.

Estou preso na vida, sem rota de fuga, sem jeito, sem saída. Sem bússola, sem barquinho.

Vida trem que não para, um tiro no escuro, um tiro no pé, um jorro de mijo de manhã cedo.

Um vazo ruim que não quebra, um relógio parado. Jesus na cruz e seus inquilinos severinos.  E eu e eu e eu sem ela?

Nada funciona. Eu preso na vida, na sala de espera, esperando a porta aberta.

Queria estar no filme Forrest Gump, cujo personagem nunca se sentiu desfavorecida. Graças ao apoio da mãe, né?  A que horas sai o trem? Ora, a viagem não começa no ponto de partida.

Plenisfério, caduco, este mundo é dos avessos, das estrelas, dos imbecis.

Nos bancos da praia à tardinha, os velhos continuam sentados em seus passados. Nos confins do desconhecido, não vejo mais a fronteira e já não é necessário.

No escuro do cinema entrando em bocas, pipoca aqui, pipoca ali e conchas de mãos, o amor é na verdade um picadinho, um boné virado na cabeça, um vapor barato e da virilha sobe ofuscando a visão.

Ué, não sei mais escrever? I´m a cat person.

Sim, ontem fui embora e deixei a luz acesa. Suavemente.

Kapetadas

1 –  Lasanha antes do sexo constitui preliminares?

2 – Aquela pessoa que sente prazer em ver a sua conta no vermelho o saldomasoquista.

3 – Som na caixa: “E o meu coração embora, finja fazer mil viagens, fica batendo parado naquela estação’, Adriana Calcanhotto.

* Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Portal MaisPB

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