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Eleição no Egito eleva incerteza sobre o acordo com Israel

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publicado em 18/05/2012 ás 10h32

A eleição presidencial da próxima semana no Egito aumentou a apreensão entre os israelenses com a conturbada transição no país vizinho, em meio aos ataques dos principais candidatos ao acordo de paz.

Embora nenhum fale abertamente em romper relações com o Estado judeu, todos defendem revisões no acordo assinado em 1979, indicando o fim da estabilidade vivida sob o governo do ex-ditador Hosni Mubarak.

Os temores foram reforçados com o recente cancelamento do acordo de fornecimento de gás do Egito para Israel, interpretado por muitos como um prenúncio das turbulências que virão.

Especialistas israelenses ressaltam que a retórica inflamada dos candidatos atende a um interesse populista num momento de crescente hostilidade do público egípcio ao Estado judeu.

Na semana passada, os dois candidatos que lideram as pesquisas de opinião, Amr Moussa e Abdel Aboul Fotouh, usaram o primeiro debate eleitoral da história do país para bater em Israel.
 

Foutouh, considerado um islamita moderado, chegou a chamar Israel de "inimigo", apesar das três décadas de paz. Moussa não foi tão longe, mas classificou o país vizinho de "adversário".

Para Itzhak Levanon, último embaixador de Israel no Egito da era Mubarak, não há, entre os 12 candidatos presidenciais egípcios, nenhum que inspire alguma esperança de dias tranquilos.

Levanon encerrou sua missão no Egito em setembro passado, quando foi resgatado do país por um avião militar, após a embaixada israelense no Cairo ser invadida por uma multidão em fúria.

PREOCUPAÇÃO

Ele vê com preocupação a intenção dos favoritos de rever o acordo de paz. "Isso demonstra um desrespeito às regras básicas do direito internacional", critica.

"Um acordo assinado não é como um supermercado, em que você pode escolher o que cumpre e deixar de lado o que não lhe agrada".

Firmado em 1979 pelo então presidente Anuar Sadat, o acordo com Israel sempre foi impopular no Egito, e acabou levando a seu assassinato, dois anos depois, por fanáticos muçulmanos.

Mubarak manteve o acordo, garantindo a ajuda americana estimada em US$ 1,4 bilhão/ano, mas conservou a paz com Israel na geladeira.

Em 30 anos no governo, só visitou o país uma vez, mesmo assim numa ocasião excepcional, o funeral do premiê Yitzhak Rabin, em 1995.

Temendo a chegada ao poder dos islamitas, o governo israelense pressiona os EUA a cessar a venda de armas ao Egito, até agora sem sucesso.

Folha Online