João Pessoa, 21 de janeiro de 2023 | --ºC / --ºC Dólar - Euro
Na rede das coisas precisas, onde estou detido pelo tempo para o prazer da leitura, em mãos o livro “A Travessia de Walter Benjamin”, romance de Jay Parini, da editora Record. Comecei a ler, mas não largo “Memórias de Adriano”, obra-prima de Marguerite Yourcenar, que estou lendo pela 2ª vez.
Ontem, pensei em ir numa festa na praia deserta chamada Comboinha, para me encontrar com a Sibila de Delphos, (foto) de Michelangelo, mas – tipo – fique na sua que é melhor. Até que me vi no espelho do café da manhã.
Detalhe – Walter Benjamim, o ensaísta e filosofo judeu alemão, dizia que nos anos 80 não haveria lugar para o homem no seu quarto – ele já previa a parafernália eletrônica.
Dos que me lançam o olhar nas ruas e eu canto porque o instante existe, como se buscasse um dialeto só meu na transa da prosódia, alimento o improviso, como sinônimo de outras travessias. Nada como o realmente.
Nada de lambadas de serpentes, nem labaredas, mas liberto-me tornado escravo no ímpeto do prazer. Ao meu gesto cândido de beber o conhaque admito-me leitor em primazia do que me servirá de alva, de alvo, de não me separar do imaginário e do surreal. Por isso eu digo que tal pessoa ou coisa outra, são geniais.
Sempre gostei deste amplexo de gesto matinal, onde o mais simples poderia assistir ao primordial do depois. Sei não, viu?
Um tempo formol no formato farolito de folhas nas calçadas, uma verdade feita incógnita que se despe de mim e se despede de um passo fluido, como se já fosse carnaval.
Os cânticos que habitam meu músculo/coração até chegar a pele e arrumar tempos idos, dias rápidos, dias de calor, o verbo no rosto, além do sussurro livre na audácia dos que ainda acreditam no politicamente correto. Nada como o realmente
Eu, desprovido da caracterização careta, alinhado num silêncio fatal, nada arbóreo, detenho-me na interpretação de levar uma sacada nesse texto, numa garrafa rolando e ainda querer respirar segredos.
Admirável o fecundo, admitindo às vezes que se repetem os gestos, os erros, enquanto os gatos dormem e eternizam minha melancolia, que me dá impiedosa reminiscência e nos faz coabitar tão largas avenidas províncias, chamadas epitáfios e pessoas.
Acreditando em tudo/nada, na primeira vez como plenitude e o resto não foi solene. Ainda bem.
Naquela rede onde me vejo de volta do futuro, o tempo sedento, aparo o meu texto, para retomar a senda e entrar no eixo do desejo. Quebra-quebra, quebra-queixo, quebra-pedra, mas diz que ama p…
É isso, como diz Pondé, nada é mais temido por um covarde do que a liberdade de pensamento.
Kapetadas
1 – Tenho chorado pra cachorro. Ano passado eu morri, mas esse ano eu não “mordo”.
2 – Vamos simbora que o tempo rouge.
3 – Som na caixa: “E eu, menos a conhecera, mais a amara?”, CV
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OPINIÃO - 22/11/2024