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Ana Karla Lucena  é bacharela em Direito pela Universidade Estadual da Paraíba. Servidora Pública no Tribunal de Justiça do Estado da Paraíba. Mãe. Mulher. Observadora da vida.

Uma promessa do presente ao passado e ao futuro

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publicado em 23/01/2023 ás 07h00
atualizado em 23/01/2023 ás 09h45

A criança que você foi teria orgulho da pessoa que você é hoje? Pergunta aparentemente simplória, pueril, mas extremamente necessária quando paramos para analisar nosso presente e projetar nosso futuro. Representa um retorno ao passado, a velha olhada no retrovisor, para recordar o que deixamos pelo caminho, entre sonhos e façanhas. O fato é que a maioria de nós já recebeu a visita do seu eu de outrora questionando os rumos que a vida tomou ou se o próximo passo está dentro do planejado.

Não me recordo de, quando criança, ter qualquer preocupação quanto ao que viria depois. Vivia rodeada das pessoas que amava, sempre abastecida de tudo que era necessário e tinha sempre a brincadeira me esperando em casa depois da aula. Estava tudo bem. Parece que a única coisa que importava era me sentir feliz. Não consigo me lembrar de quando foi que comecei a perder essa inocência. Quando, efetivamente, percebi que a tela em branco posta à minha frente deveria ser pintada por mim.

Recebi a tal visita por estes dias. Visita inquiridora, intimidadora, um tanto quanto cruel, me olhou nos olhos e perguntou: era este o combinado? Parei, pensei, respirei, analisei. Planejava elaborar uma resposta que agradasse. Listei as conquistas, os sonhos que hoje são reais, os bons e inesquecíveis momentos. Para os erros, os fracassos e as inconsequências procurei desculpas. Depois de uma breve pausa, iniciei meu discurso-resposta.

Optei por não utilizar subterfúgios. Sem joguinhos ou desculpas. Fui direto ao ponto: não, este não era o combinado, simplesmente porque ainda não concluí a pintura. Estou ainda aprendendo como se faz. Cada pincelada, cada tela descartada, cada gota de tinta foram indispensáveis no processo de aprendizado. E concluí  fazendo uma promessa. Dei-lhe a minha palavra de que seria fiel aos sonhos, ao legado dos antepassados, à meta de ser feliz. Não pude prometer sempre acertos. Tal promessa não é própria para aprendizes. Mas prometi tentativas incansáveis. Prometi esforço e comprometimento. Um dia, quando finalmente tiver que dar a resposta definitiva, espero poder dizer que a criança que fui ontem se orgulha imensamente da pessoa que me tornei.

* Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Portal MaisPB